O Senado argentino aprovou por 63 votos favor, 3 contra e 4 abstenções o projeto de lei do Executivo que declara os recursos energéticos de utilidade pública e expropria 51% de participação da Repsol na YPF. Houve duas ausências, uma delas a do ex-presidente Carlos Menem, que promoveu a privatização da YPF. O texto inclui a estatização da Repsol YPF Gas. A votação foi realizada nesta madrugada, por volta da 1h20, depois de um árduo debate iniciado às 10 horas da quarta-feira.
O projeto será enviado à Câmara, onde começa a ser debatido amanhã para ser levado ao plenário na próxima quinta-feira, dia 3. Dos 257 assentos, o governo tem 135 mais os aliados à proposta, que prometem repetir o cenário do Senado, onde prevaleceram muitos questionamentos e fortes críticas à política energética adotada pelo governo. Mas a maioria votou a favor da lei. “Não estamos de acordo com a metodologia que o governo usou para retomar o controle da companhia emblemática. Os fins não justificam os meios”, disparou Liliana de Alonso (Aliança Compromisso Federal/San Luis).
A socialista Norma Morandini, de Córdoba, justificou sua abstenção ao fato de não concordar com a forma usada pelo governo para nacionalizar 51% da companhia e à negativa oficial de criar um mecanismo de controle da gestão oficial com participação do Legislativo. “Será YPF uma agência de emprego do governo, como ocorre em outras empresas reestatizadas? O que vai acontecer com a YPF?”, indagou o opositor Ernesto Sanz (União Cívica Radical-UCR/ Mendoza). Sanz também falou sobre a necessidade de que a Argentina tenha segurança jurídica para atrair investimentos.
“Como posso defender o ministro (Julio) De Vido ou o (secretário de Energia) Daniel Cameron se a crise de energia foi provocada por eles?”, perguntou em tom de acusação, o senador Luis Juez (Aliança Frente Cívica/ Córdoba). “Há nove anos que estamos alertando que Argentina não tem uma política energética séria e que isso provocaria uma crise energética”, acusou Juez. “Vou votar a favor da medida, mas não quero que meu voto seja um cheque em branco para que o governo faça qualquer coisa”, alertou. Segundo ele, o governo tem uma oportunidade para corrigir os erros em relação ao setor.
O presidente da comissão de Energia, o governista Marcelo Fuentes (Frente pela Vitória -FPV), defendeu o projeto oficial, mas reconheceu que “a expropriação da YPF não vai solucionar a crise energética”. Porém, afirmou que, “sem a expropriação, não há solução porque a YPF é a maior companhia do país e estava em mãos de capitais espanhóis”. O senador Gerardo Morales (UCR) acusou o governo de Cristina de estar “doente de poder e de arrogância”.