Sem-terra dão prazo para governo expulsar brasileiros

Campesinos sem-terra deram um prazo de 72 horas para que o governo do Paraguai expulse os fazendeiros brasileiros de terras que seriam destinadas à reforma agrária. Essas terras foram adquiridas pelos brasileiros para o cultivo da soja. O país é o terceiro produtor da oleaginosa na América do Sul e o sexto do mundo.

Em General Resquín, departamento (Estado) de San Pedro, 340 quilômetros ao norte da capital, cerca de 100 sem-terra invadiram hoje uma área de 1.500 hectares, impedindo a colheita de milho. “Já não queremos esperar, estamos cansados de reuniões e mais reuniões que não resolvem nada”, disse a jornalistas o dirigente campesino Anselmo Villagra.

O grupo liderado por Villagra invadiu a propriedade do empresário importador de automóveis e campeão paraguaio de corrida de automóveis Francisco Gorostiaga. Os sem-terra afirmam que a propriedade foi presente do ex-ditador Alfredo Stroessner (1954-1989) à mulher de Gorostiaga, que transferiu a área para o nome do marido. Aparentemente, o empresário alugou a propriedade para brasileiros.

O vice-presidente Federico Franco afirmou que a solução para a crise agrária no país virá “antes que ocorra algo pior”. “O ministro de Interior foi autorizado a evitar enfrentamentos entre campesinos e proprietários de estabelecimentos de soja”, completou Franco. O líder do grupo esquerdista Productores de San Pedro-norte, Elvio Benítez, afirmou ontem que “o presidente Lugo não deve temer o Brasil, porque a terra é dos paraguaios”. Segundo Benítez, algumas organizações deram como prazo até a noite de quinta-feira para que o governo “comece a recuperar a soberania paraguaia”.

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