Com a chegada das festas de fim de ano e das férias escolares, muita gente costuma planejar viagens com a família e com os animais de estimação para relaxar e se divertir. Porém, o passeio pode acabar se transformando em problema caso o bichinho – seja ele cão, gato, roedor, ave ou qualquer outro – não esteja com a documentação em dia.
Muita gente ainda não sabe, mas por exigência do Ministério da Agricultura, qualquer deslocamento de animais, realizado dentro ou fora do estado de origem, exige porte da Guia de Trânsito Animal (GTA), documento que pode ser fornecido por médico veterinário cadastrado na Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento e autorizado a emití-la.
Dessa forma, segundo o veterinário da Divisão de Defesa de Sanidade Animal da Secretaria de Estado da Agricultura, Paulo Borba, até uma simples viagem de Curitiba até o litoral paranaense exige que o documento seja providenciado. ?O Paraná tem trinta barreiras de fiscalização em suas divisas. Não existe barreira fixa na Serra do Mar, mas podem haver fiscalizações volantes. Desta forma, as pessoas devem se antecipar aos problemas?, afirma.
A obrigatoriedade do GTA visa o controle de transmissão de enfermidades. Assim, a intenção é evitar que doenças sejam levadas de um local para outro. Com o documento, se uma doença é detectada, a origem pode ser descoberta e as autoridades competentes podem vir a ser comunicadas. Com isso, existe a possibilidade de evitar que outros animais sejam contaminados, e o problema venha a se espalhar, tornando-se uma ameaça tanto à saúde dos bichos quanto à dos seres humanos.
Entre cães e gatos, a principal ameaça costuma ser a raiva, doença infecciosa aguda e fatal, causada por vírus e considerada controlada no Brasil, mas não erradicada. Com incidência canina, também representam ameaça, entre outras enfermidades, a parvovirose – doença infecto-contagiosa, caracterizada por diarréia sangüinolenta, cujo agente etiológico é um vírus pertencente a família Parvoviridae – e a cinomose – enfermidade infecto-contagiosa, também causada por vírus, que é transmitida através de secreções do nariz e da boca de animais infectados.
Devido à periculosidade das doenças, a emissão do GTA por médico veterinário está condicionada à realização de exame clínico. Dias antes de partir rumo a seu destino, o proprietário deve levar os animais que o acompanharão na viagem à uma clínica ou consultório com veterinário autorizado a fornecer o documento. Como em uma consulta normal, o bichinho será examinado, tendo, entre outras coisas, temperatura e peso avaliados.
Na seqüência, o profissional irá solicitar a carteira de vacinação do animal e verificar se houve imunização contra as doenças citadas acima. Caso a carteirinha não esteja em dia, é obrigatório que as vacinas que faltam sejam fornecidas para que o GTA possa ser disponibilizado. Com as vacinas corretamente aplicadas e a não constatação de qualquer enfermidade, o documento é entregue. Nele constam nome do dono e as características do animal.
Precaução para evitar estresse ou complicações de saúde
Quando a viagem de carro é longa, muitos animais podem ficar estressados ou mesmo ter a saúde comprometida devido ao calor e ao chacoalhar do veículo. Por isso, é importante que os donos tomem alguns cuidados especiais antes de embarcar os bichinhos e colocar o pé no acelerador.
A veterinária Siglia Lutz, que atende no pet shop Amigo Bicho, em Curitiba, afirma que uma precaução importante é manter o cãozinho ou gato em jejum pelo menos quatro horas antes de pegar a estrada. A medida evita que os animais sofram devido a enjôos e venham a fazer sujeira no carro, tornando o percurso menos agradável. ?Água fresca deve ser fornecida normalmente e, durante a viagem, no mínimo a cada uma hora. Para animais que ficam muito enjoados, mesmo com o jejum, é possível fornecer o medicamento Dramin, normalmente utilizado por pessoas.? A dose do remédio deve ser indicada por veterinário.
Animais que ficam muito estressados podem precisar de calmantes. Costumam ser indicados tanto produtos naturais quanto medicamentos. Em ambos os casos, nada deve ser fornecido sem orientação médica veterinária, sendo que doses muito elevadas podem até matar. Muitos medicamentos são para humanos, mas as doses precisam ser diferenciadas e específicas de acordo com o peso e tamanho do bicho.
Durante todo o caminho, é importante manter o ambiente do carro fresco. O mais aconselhável é não viajar em horários de sol forte. Porém, se o calor for inevitável, é indicado ligar o ar condicionado ou transitar com os vidros abertos (quando o carro não tem ar). A todo momento, o dono deve verificar se o bicho não está salivando. Se a salivação acontece, é sinal que o animal está com sede e necessita de água.
Cães e gatos não podem, pelo Código de Trânsito Brasileiro, ficar soltos dentro do carro, correndo o risco de cair e se machucar ou mesmo atrapalhar o motorista. Eles devem ser levados em caixas especiais, adquiridas em pet shops. Para os cachorros, já é possível até encontrar cintos de segurança especiais. Devem ser feitas paradas de hora em hora para que os animais possam descansar e fazer suas necessidades. Saquinhos para juntar as fezes não devem ser esquecidos. Os mesmos devem ser fechados e depositados no lixo.
Outros animais
Pássaros, peixes, roedores e chinchilas devem, preferivelmente, ser deixados em casa. Os roedores geralmente não sobrevivem à viagem, pois sofrem muito devido ao calor e têm os batimentos cardíacos acelerados. Se não houver como deixá-los, a viagem deve ser feita com ar condicionado o tempo todo ligado e uma toalha úmida deve ser colocada sobre a gaiola.
Quanto aos pássaros, a maioria também morre devido ao estresse da viagem e oscilações de temperatura. Geralmente, eles são mais sensíveis até que os próprios roedores. O melhor é deixá-los com amigos ou em hotel para animais que aceite recebê-los. Peixes não devem ser levados de forma alguma, pois só em ocasiões muito específicas os aquários devem ser mudados de lugar. Existe, no mercado pet, alimentação especial que pode ser deixada vários dias na água. Em algumas lojas de aquário, também existem profissionais especializados que aceitam ir à casa das pessoas alimentar os animais e fazer troca de água. (CV).
Em ônibus, empresas decidem regras
Não existem regras para o transporte de animais em ônibus de linhas estaduais e interestaduais. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), é critério de cada empresa de transporte decidir se aceita ou não fazer o embarque de bichos.
Em viagens normais, cada passageiro pode levar até trinta quilos de bagagem. Caso a presença do animal faça com que esse volume seja ultrapassado, o proprietário do bicho terá que pagar uma taxa por excesso. Algumas empresas só costumam aceitar animais de pequeno porte.
Em viagens de trem, as condições também costumam variar de acordo com a companhia. Algumas não permitem embarque. Outras, deixam animais pequenos viajarem de graça ou fazem a cobrança de meia tarifa. (CV)
