Um grupo de cinco agentes britânicos da Scotland Yard chegou ao Paquistão para ajudar na investigação do assassinato da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, segundo informou uma fonte diplomática. A equipe se reunirá em breve com representantes do Ministério de Interior. Ainda não se sabe por quanto tempo os investigadores permanecerão no Paquistão, disse uma fonte da missão diplomática britânica em Islamabad, capital do país, ao canal de TV Dawn. O grupo da Polícia Metropolitana Antiterrorista britânica deixou o aeroporto sem falar com a imprensa.

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O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou na quarta-feira que a Scotland Yard iria colaborar na investigação do atentado. Ele afirmou ter "convicção" de que os responsáveis pelo crime são os líderes islâmicos paquistaneses Fazlullah e Baitullah Mehsud, supostamente ligados à rede terrorista Al-Qaeda. Musharraf também considerou "sem fundamentos" acusações de que Benazir deixou uma carta responsabilizando o presidente no caso de sua morte, por ignorar advertências de que membros dos serviços de inteligência queriam matá-la.

O Partido Popular do Paquistão (PPP), da ex-premiê, não se conforma apenas com a investigação da Scotland Yard e exige uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU). O modelo apontado é a comissão sobre o assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. Mas Estados Unidos e França são contra a idéia, por não haver suspeitas de envolvimento de outro país. "Não confiamos nas investigações governamentais, que podem confundir as pessoas e o nosso partido", disse um membro do PPP em Karachi Naveed Shad.

Musharraf admitiu falhas nas investigações do governo sobre a morte, mas negou lapsos de segurança. Ele acusou indiretamente Benazir, por ter se exposto fora de seu veículo mesmo sabendo das ameaças contra ela. Em entrevista a jornalistas estrangeiros Musharraf negou com veemência que o Exército ou as agências de inteligência do Paquistão estejam por trás da morte de Benazir, alegando que eles também são alvo da onda de atentados suicidas que já deixou 400 mortos em três meses.

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O governo diz que Benazir morreu por causa dos ferimentos sofridos ao bater na alavanca do teto solar do veículo em que estava, mas membros do opositor PPP dizem que ela foi morta a tiros. Um suicida disparou na semana passada contra o veículo de Benazir e em seguida detonou uma bomba após a ex-premiê discursar em um comício na cidade de Rawalpindi. O atentado provocou distúrbios que deixaram quase 60 mortos em todo o país e prejuízos de US$ 1,3 bilhão na província de Sindh, a mais afetada. A morte de Benazir e os distúrbios também levaram ao adiamento, por seis semanas, das eleições parlamentares – remarcadas para 18 de fevereiro.