O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse nesta segunda-feira que são “grotescas” as acusações de que a campanha para a sua eleição presidencial em 2007 foi financiada pelo falecido governante líbio Muamar Kadafi, morto em outubro do ano passado por insurgentes líbios. As acusações estão em um documento publicado hoje pelo website investigativo da imprensa de esquerda francesa Mediapart. O website cita o comerciante de armas Ziad Takiedinne, francês, o qual teria sido um elo de ligação entre a campanha de Sarkozy e o regime de Kadafi. O filho mais velho de Kadafi, Seif al-Islam, teria representado o governo líbio na transação, na qual Kadafi teria dado ? 50 milhões à campanha de Sarkozy em 2007, através de um banco suíço e uma conta corrente na Cidade do Panamá.
“Se ele tivesse financiado minha campanha, eu não teria sido tão agradecido”, disse Sarkozy de maneira irônica, em aparente referência ao papel determinante que a França teve no ano passado no apoio aos insurgentes líbios que se rebelaram contra Kadafi e derrubaram seu governo.
Sarkozy está em meio à campanha eleitoral pela reeleição, numa disputa acirrada com o candidato do Partido Socialista (PS), François Hollande, pela presidência. As eleições francesas ocorrerão em 22 de abril. Se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos, haverá segundo turno em 6 de maio. A agência France Presse (AFP) não pôde verificar a autenticidade do documento publicado pelo Medipart, mas a reportagem reviveu os boatos e acusações mais antigas de que o partido de Sarkozy, a União por um Movimento Popular (UMP), de centro-direita, se beneficiou de acordos de venda de armas para regimes estrangeiros.
No ano passado, após o conflito civil líbio estourar em Benghazi, Seif al-Islam denunciou que Sarkozy recebeu dinheiro de Kadafi para financiar a campanha eleitoral de 2007 à presidência. Questionado por uma repórter do canal de televisão TF1 sobre as acusações de Seif al-Islam Kadafi, Sarkozy respondeu: “Lamento ver você no papel de uma porta-voz do filho de Kadafi, francamente eu te vi em papéis melhores”, disse. “O regime de Kadafi era formado por assassinos e Seif tem sangue nas mãos. A credibilidade daquelas pessoas é zero”, disse Sarkozy.
Entrevistado pelo canal de notícias France 24, Takiedinne negou as acusações. “Nunca existiu nada disso”, afirmou. Takiedinne está sob investigação da Justiça francesa.
As informações são da Dow Jones.