Sarkozy é acusado de receber doações ilegais

Uma ex-contadora de Liliane Bettencourt, herdeira da empresa de cosméticos L’Oreal, disse hoje que a mulher mais rica da França fez uma doação irregular de 150 mil euros em dinheiro à campanha eleitoral do presidente Nicolas Sarkozy, segundo o site Mediapart. Auxiliares de Sarkozy disseram à agência France Presse que a afirmação é “totalmente falsa”.

A mulher, identificada pelo site investigativo como Claire T., disse que Eric Woerth, ministro do Trabalho de Sarkozy que era seu ministro do Orçamento na época e já ocupava o cargo de tesoureiro do partido União por um Movimento Popular (UMP), recebeu a doação em nome de Sarkozy em 2007. Ela revelou também que Sarkozy era um visitante regular da residência da família Bettencourt, onde também ele supostamente teria recebido envelopes com dinheiro quando era prefeito da cidade de Neuilly.

O advogado da contadora, Antoine Gillot, confirmou à AFP que sua cliente contou à polícia sobre as supostas doações.

Woerth, negou as acusações. “No nível político, eu nunca toquei um euro sequer que não fosse legal”, afirmou o ministro em entrevista à rede de notícias I-Tele. “Estou totalmente ultrajado. Há oito anos sou tesoureiro do meu partido e não acho que tenha feito qualquer coisa errada. Tudo é transparente, tudo é limpo, tudo é claro”.

Há quase três semanas o governo tem sido atormentado por informações dos meios de comunicação locais de que gravações secretas de conversas particulares do círculo íntimo de Bettencourt mencionavam Woerth. Ele é o encarregado de conduzir uma importante, embora impopular, reforma do sistema previdenciário francês antes da eleição presidencial de 2012.

A polícia francesa abriu um inquérito para investigar as supostas doações ilegais à campanha de Sarkozy. Nesta semana, dois ministros renunciaram após revelações de que gastaram dinheiro público com charutos e jatos de luxo.

Desgaste

“Eu adoraria que o país se preocupasse com grandes problemas…em vez de se interessar em calúnias cujo único objetivo é espalhar acusações sem base real”, disse Sarkozy. O presidente não se referiu diretamente às acusações, mas pediu que os eleitores se concentrem em questões de saúde, na reforma previdenciária e da recuperação econômica.

Eleito em 2007 pelo UMP, Sarkozy tem visto sua aprovação cair para os níveis mais baixos de seu governo e enfrenta uma crescente batalha para colocar seu programa de reformas nos trilhos antes de tentar a reeleição.

Sarkozy defendeu Woerth após a revelação de que sua mulher trabalhou para a empresa que gerencia a fortuna pessoal de 17 bilhões de euros de Bettencourt. Mas, com o chefe de Estado agora implicado pessoalmente no escândalo, importantes aliados de direita, incluindo o líder do UMP no parlamento, Jean-Francois Cope, pediu que o presidente “fale com o povo francês” sobre o escândalo. Mas um porta-voz do UMP afirmou que o comentário foi uma opinião pessoal e não expressava a posição oficial do partido. Cope é considerado um potencial candidato à presidência nas próximas eleições. Auxiliares do presidente confirmaram que ele estuda a possibilidade de fazer um comunicado pela televisão.

O líder socialista da oposição no Parlamento, Jean-Marc Ayrault, disse que o inquérito tornou-se uma “crise política na liderança do governo”. As informações são da Dow Jones.

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