O presidente da França, Nicolas Sarkozy, teve uma discussão “dura” com o chefe da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, nesta quinta-feira, segundo o primeiro-ministro da Bulgária, Boyko Borisov. O governo francês tem demonstrado descontentamento por causa das críticas feitas pela União Europeia contra a política francesa de expulsar ciganos do país. Borisov disse que Sarkozy se envolveu em um “bate-boca” com Barroso durante o almoço, em Bruxelas. Mais cedo nesta semana, a Comissão Europeia respaldou críticas anteriores à política de Paris para os ciganos.
“Sim, houve um confronto”, disse uma fonte da UE, segundo a qual Barroso “defendeu vigorosamente” o papel da comissão, que tem entre suas atribuições garantir a aplicação das leis do bloco sobre liberdade de movimento para todos os cidadãos dos países-membros. A fonte disse que Barroso afirmou a Sarkozy que a comissão “não se permitirá ser desviada de seu trabalho”. Uma alta fonte diplomática disse mais cedo que Sarkozy, que deve assumir a liderança do G-20 em novembro, rapidamente passou a tratar do assunto, que dominou um encontro dos líderes da UE em que a pauta original incluía relações exteriores, comércio e economia.
Filho de um imigrante húngaro, Sarkozy disse aos colegas: “A Comissão feriu a França”, referindo-se à ameaça da Comissão Europeia de acionar Paris no Tribunal de Justiça da União Europeia. Barroso respaldou ontem declarações anteriores da comissária de Justiça da UE, Viviane Reding, criticando Paris pela deportação de ciganos para Bulgária e Romênia, também membros da UE. Segundo Viviane, essa atuação francesa lembrava as deportações ocorridas na Segunda Guerra.
Borisov disse que a questão do tratamento dos ciganos, pela qual Sarkozy recebeu apoio público do premiê italiano, Silvio Berlusconi, deve ser tratada “em um encontro subsequente” dos líderes da UE. Segundo o búlgaro, a intenção é chegar a “uma estratégia de longo prazo” para lidar com as populações nômades. As informações são da Dow Jones.