Abandonado pela opinião pública 20 meses antes das eleições presidenciais, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, adotou um discurso radical de extrema direita e, numa nova cruzada pela segurança pública, associou criminalidade e imigração. Sarkozy propôs retirar a cidadania de delinquentes de origem estrangeira – mesmo dos nascidos no país -, além de condenar os pais por crimes cometidos por filhos adolescentes. Os projetos chocaram os maiores juristas da França.

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Atolado na impopularidade e abalado por um escândalo de financiamento ilegal de campanha, Sarkozy é reprovado por 66% dos eleitores. Como faz sempre que cai nas pesquisas, o presidente francês voltou a apelar para o discurso extremista. Desta vez, surpreendeu pela radicalidade. Na primeira das propostas, Sarkozy defendeu a cassação da nacionalidade de criminosos de “origem estrangeira” – sem explicar a expressão. Segundo o presidente, a cidadania francesa “deve ser retirada de toda pessoa de origem estrangeira que ameaçar uma autoridade pública”.

A repercussão das propostas foi arrasadora. Em toda a França, intelectuais denunciaram a escalada extremista de Sarkozy. As críticas mais contundentes vieram de juristas, que alertam para o conflito entre os projetos, a Constituição e o Código Penal. Em seu artigo 1º, a Constituição afirma: “Ela (a República Francesa) garante a igualdade diante da lei de todos os cidadãos, sem distinção de origem, de raça ou de religião.” O jurista Guy Carcassonne, especialista em direito constitucional, declarou que os projetos do governo são ilegais, mesmo tendo sido aprovados pelo Parlamento.

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