O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou na terça-feira (23) que o Brasil poderá se tornar uma potência militar para a paz, a exemplo do status de potência mundial econômica e política que, segundo ele, já vem sendo exercido pelo país. Sarkozy referiu-se aos acordos firmados com o governo brasileiro na área da Defesa, para construção de submarinos, um deles de propulsão nuclear, e helicópteros militares.
“É uma decisão histórica, porque a França acredita que um país poderoso será um elemento de estabilidade para o mundo”, salientou.
O presidente francês defendeu também que o grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia, denominado G-8, não pode mais continuar a se reunir “sem o Brasil, sem a China e sem a Índia”.
Sarkozy voltou a defender a entrada do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e o ingresso de um país que represente o continente africano no organismo internacional.
O presidente francês disse ter os mesmos ideais do presidente Lula, da “sua forma de querer reabilitar a política, o voluntarismo, de dizer as coisas”. Segundo ele, os dois governantes conhecem a importância das negociações multilaterais. Sarkozy destacou que tanto ele como Lula estão “do lado do progresso, do movimento, da mudança. Ordem e progresso, como está retratada na bandeira do Brasil”.
Ele disse que pretende cumprir os acordos bilaterais firmados hoje. O presidente lembrou de outros casos que não foram concluídos como a ponte sobre o Rio Oiapoque, na Guiana Francesa. O contrato para construção da ponte que ligaria a Guiana ao Brasil foi firmado pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Jacques Chirac, em 2001, mas o projeto não chegou a ser realizado.
Para Sarkozy, a ligação com o Brasil é importante para a Guiana. “Senão, a Guiana Francesa vai se encontrar num beco sem saída. É nosso interesse também fazer essa ligação”, garantiu.
A respeito da criação do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica, que será constituído por núcleos de pesquisa dos dois países, o presidente francês afirmou que, no dia 7 de setembro de 2009, quando retornará ao Brasil a convite do presidente Lula, será inaugurada a pedra fundamental do projeto. O centro funcionará como uma espécie de “laboratório mundial da biodiversidade”.
O presidente francês garantiu que seu país está à disposição do Brasil para trabalhar ainda em outras áreas, como a espacial, a de energia nuclear, desenvolvimento sustentável e educação profissional.
Antes de retornar à França, Nicolas Sarkozy se encontrará, em São Paulo, com o pai de sua esposa, Carla Bruni, Maurizio Lammert, italiano que vive no Brasil há cerca de 30 anos.