Nicolas Sarkozy havia prometido reformas que dariam ao país um saudável "choque de confiança", mas, no entanto, tem provocado "um choque de desconfiança", disse nesta quinta-feira o economista Elie Cohen ao comentar os primeiros 12 meses de governo do atual presidente francês.
"Após um ano não se pode fazer ainda um balanço de sua ação política e econômica, sobretudo em um contexto cheio de importantes interferências em nível mundial e internacional", acrescentou Cohen.
"Pode-se comentar, no entanto, suas promessas eleitorais, o andamento das reformas e a direção que tomaram. Lembrando também que Sarkozy apontava para um forte crescimento que lhe daria margem de manobra que, no entanto, lhe veio a faltar", disse o economista.
Cohen explica que a primeira providência de Sarkozy, o famoso "pacote fiscal", que deveria provocar o choque de confiança, não teve o efeito esperado, "o projeto não funcionou e o choque se tornou de desconfiança".
Segundo o economista, diretor do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) e professor da Sciences Po, pode-se falar de reformas "simbólicas" em muitas de suas promessas, como a reforma do Estado, a do mercado de trabalho, a do serviço mínimo ou a da diminuição dos impostos.
"O serviço mínimo, em caso de greve por exemplo, deveria garantir, como na Itália, os transportes nos horários de pico. Mas não foi feito nada. Outras promessas se transformaram em ‘semi-reformas’, como a das universidades, que responde a perguntas que não haviam sido colocadas, ou a dos regimes especiais de aposentadoria que deveriam garantir o alinhamento do número de anos de contribuição em todos os setores", continuou Cohen.
"Ocorreu uma reforma de fachada, que não respeita plenamente o objetivo inicial e cujos custos têm sido mantidos sob máxima reserva. Ninguém no governo sabe ou quer dizer quanto custou essa reforma", comentou o economista.
Já as reformas das políticas públicas, destinadas a modernizar o Estado reduzindo as despesas, "seguem em doses homeopáticas", disse Cohen ressaltando como após dezenas de reuniões foram anunciadas medidas de economia de 5,5 bilhões de euros em três anos, algo equivalente à cerca de 0,1% do PIB.