Novos casos de saques e problemas na distribuição de alimentos eram mostras das condições ainda bastante difíceis no Haiti, duas semanas após o violento terremoto do dia 12. A estimativa é que 150 mil pessoas tenham morrido na tragédia, que deixou ainda um milhão de desabrigados.

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Enquanto escavadeiras trabalhavam para retirar os escombros no arruinado centro de Porto Príncipe, milhares de pessoas fugiam dos precários campos para refugiados na capital. “O país está destruído. Eu me pergunto como ele pode ser reconstruído após essa catástrofe. O governo haitiano é muito corrupto”, disse Gesnel Faustin, de 29 anos. Ele está vivendo em uma tenda, perto do destruído palácio presidencial.

Em Montreal, foi realizada ontem uma conferência reunindo vários países, onde foram discutidas formas de ajuda ao Haiti. O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, advertiu que o trabalho de reconstrução deve demorar “pelo menos dez anos”. Em março, haverá uma conferência de doadores do Haiti na sede da ONU, em Nova York.

O primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, pediu uma estratégia de longo prazo para auxiliar o país mais pobre das Américas, além de ajuda imediata com comida, água, abrigo e cuidados médicos. O presidente do Haiti, René Préval, pediu ao mundo, em comunicado divulgado de Porto Príncipe, que envie outras 200 mil barracas e 36 milhões de porções de alimento, antes do início da temporada de chuvas no país, em maio.

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A organização não-governamental (ONG) Handicap International, vencedora do Nobel da Paz, trabalha para enviar próteses temporárias para muitas pessoas que perderam membros no terremoto. A diretora-executiva da entidade, Wendy Batson, notou que o problema “supera qualquer coisa que tenhamos visto em outros lugares”.

A ONU e vários grupos de ajuda estrangeiros, auxiliados por tropas, incluindo 20 mil soldados dos Estados Unidos, tentavam levar ajuda suficiente às vítimas do terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter. Há muito temor, porém, sobre a insegurança após a tragédia.

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Insegurança

Um grupo de policiais haitianos, tentando controlar uma população desesperada, que também destruiu a prisão da capital após o tremor, abriu fogo contra um depósito em Porto Príncipe, onde estariam escondidos saqueadores. Dois homens foram feridos na cabeça.

No palácio presidencial, uma pequena equipe de mantenedores de paz uruguaios da ONU tentavam entregar ajuda a uma multidão de 4 mil pessoas famintas. “Seja o que façamos, não é suficiente”, disse um soldado, enquanto outros lançavam gás de pimenta e disparavam balas de borracha para o alto, para tentar conter a multidão.

Escavadeiras limpavam casas cheias de corpos, em outros pontos do centro da capital, enquanto as chances para se encontrar sobreviventes diminuíam cada vez mais. O último sobrevivente, um homem encontrado 11 dias após o tremor, no sábado, conseguiu sobreviver bebendo refrigerante.

A ONU informou que mais de 235 mil haitianos tomaram ônibus gratuitos para deixar as condições insalubres da capital, partindo para campos mais limpos nas proximidades. Outros usaram ainda transportes privados. Várias cidades pequenas no entorno da capital estão cada vez mais lotadas, com milhares de novos habitantes desesperados em busca de ajuda e comida. As informações são da Dow Jones.