Favorito para a eleição de domingo, o candidato governista à presidência colombiana, Juan Manuel Santos, está perto de obter uma base de apoio de 232 dos 268 deputados da Câmara, ou 86% do total de cadeiras da Casa. O amplo leque de alianças formado após o primeiro turno do dia 30, no qual Santos obteve mais de 46% dos votos, deve dar a ele uma maioria superior à de seu mentor político, o presidente Álvaro Uribe.
Esses números mostram o sucesso da plataforma de “unidade nacional” e o quanto ele se beneficia do legado de Uribe. Assim, a provável “super-presidência” de Santos deverá ter apenas um partido, o esquerdista Polo Democrático, como oposição real. “Não tenho dúvidas de que Santos ganhará por larga margem no domingo e isso dará a ele uma imensa bancada Congresso”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o cientista político Rodrigo Losada, da Universidade Javeriana, em Bogotá.
As últimas pesquisas, da semana passada – a divulgação delas às vésperas da votação é proibida na Colômbia -, dão 65,1% das intenções de voto a Santos, enquanto seu rival, Antanas Mockus, do Partido Verde, tem 28%. Para Losada, a enxurrada de apoio a Santos deve-se ao indisfarçável interesse dos demais partidos de fazer parte do próximo governo. “Todos sabem que Santos deve ganhar, então, todos buscam, de alguma maneira, beneficiar-se disso.”
O adesismo contamina até o partido do rival. Líderes do Partido Verde têm indicado que não integrarão o bloco da oposição, caso Mockus não se eleja. “Não vamos nos tornar um partido de oposição envenenado contra o universo”, afirmou há alguns dias o ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, que, até aqui, apoia a candidatura de Mockus. Segundo o Partido Verde, a legenda tem de “apoiar o que for bom do novo presidente e criticar o que não for conveniente”.