A Anistia Internacional emitiu ontem um alerta de que Sakineh Ashtiani, iraniana condenada à morte, pode ser executada “a qualquer momento”. Contrariando as declarações do governo iraniano – que indicou que ela não seria apedrejada e sim enforcada -, a entidade afirmou que a sentença de morte por apedrejamento continua em vigor.
Sakineh foi condenada por adultério, mas depois teve seu caso revisado e passou a ser acusada também pelo assassinato do marido. Teerã afirmou que ela só teria a vida poupada se a família da vítima a perdoasse. No entanto, para a Anistia Internacional, a suposta revisão do processo seria apenas uma forma para desviar a atenção que outros países e grupos de direitos humanos manifestaram pelo caso.
A reportagem apurou que a sentença final seria anunciada hoje. Mas diante da pressão internacional cada vez maior, o governo adiou mais uma vez o anúncio e indicou que o veredicto pode ser conhecido no domingo. Organizações não-governamentais (ONGs) acusam Teerã de estar distorcendo as informações. “Isso é uma manipulação”, afirmou Mina Ahani, refugiada iraniana na Europa que coordena o grupo de apoio a Sakineh. “Trata-se de um governo fascista que muda regras dependendo da conveniência.”
De acordo com ela, a família do marido assassinado, por meio de seu próprio advogado, já declarou que não quer o enforcamento de Sakineh. “A Justiça já sabe dessa posição. Não há por que ainda ter alguma dúvida. Se era só disso que dependia a vida de Sakineh, então estaria tudo resolvido.”