O Parlamento russo aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei que prevê a retomada de eleições para governador, mas a oposição afirma que a nova lei ainda vai permitir que o presidente impeça a participação de candidatos indesejáveis.
A Duma, câmara baixa do Parlamento russo, aprovou a lei por 237 votos, poucos além da maioria simples exigida para a aprovação.
O presidente Dmitry Medvedev apresentou o projeto em resposta aos grandes protestos contra seu mentor, Vladimir Putin, na etapa final da eleição realizada em março, que deu a Putin seu terceiro mandato presidencial.
Putin eliminou a eleição direta para governadores provinciais durante sua presidência como parte de sua sistemática reversão de liberdades democráticas.
Embora o presidente não possa mais indicar os governadores russos, a nova lei dará a ele o direito de “consultar” potenciais candidatos ou partidos que os indicam. Os candidatos também terão de receber apoio formal de 5% a 10% dos membros das legislaturas locais, dependendo da região.
“Será mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um candidato da oposição se tornar governador”, disse o legislador comunista Anatoly Lokot.
Yelena Mizulina, do partido Rússia Justa, de esquerda, disse que a lei foi um retrocesso para a era soviética, quando candidatos eram aprovados pelo Partido Comunista.
A Duma é dominada pelo partido do Kremlin, o Rússia Unida, que tem a maioria dos assentos. O Rússia Justa, embora criado por Putin, uniu-se recentemente ao Partido Comunista.
A lei ainda precisa ser aprovada pela câmara alta e assinada por Medvedev, medidas consideradas meras formalidades.
As reformas de Medvedev também incluem projetos que facilitam as exigências para o registro de partidos e a liberalização das leis eleitorais. Essas medidas foram saudadas pela oposição, mas a próxima eleição para o Parlamento acontece daqui a cinco anos. As informações são da Associated Press.