Chantagem

Rússia teria material comprometedor contra Trump; presidente eleito nega

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, negou em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 11, que sua aproximação com a Rússia seja motivada por informações sigilosas que o Kremlin tenha reunido sobre ele, como indicam relatos não confirmados de inteligência publicados na terça-feira pelo Buzzfeed e a CNN. Foi a primeira vez que o novo presidente falou com a imprensa desde a sua eleição.

Ele disse que não tem dívidas, negócios ou empréstimos na Rússia, nem  foi filmado em situações pessoais potencialmente embaraçosas. Trump ainda afirmou que sua proximidade com Vladimir Putin é um ativo, não um risco.

O magnata republicano também criticou os veículos que publicaram os relatos não confirmados e disse que essas informações são falsas e não deveriam ter vindo a público. “Acho que é uma desgraça que informação seja lançada”, disse Trump a cerca de 250 repórteres reunidos no lobby de seu escritório em Nova York. “São todas notícias falsas, material falso, isso não aconteceu.”

Ainda de acordo com Trump, o relatório vazado para a imprensa nunca deveria ter sido escritos nem divulgado. Para ele os dados incluídos podem ser uma “mancha tremenda” para os serviços de inteligência. O magnata se referia a notícias divulgadas na noite de terça-feira, as quais indicavam que agências de inteligência dos EUA o informaram sobre supostas operações de agentes russos que podem incluir material comprometedor sobre ele e  poderia ser utilizado para chantageá-lo.

Os relatórios de inteligência, no entanto, sustentam que não foi possível confirmar muita informação recolhida no documento recebido e que, aparentemente, os dados foram compilados por um agente de inteligência britânico aposentado. “Considero uma desgraça” que esta informação tenha chegado ao conecimento público, acrescentou Trump.

Os relatórios citam viagens feitas por assistentes do magnata supostamente para combinar ações com agentes russos a fim de beneficiá-lo nas últimas eleições. Também mencionam uma suposta gravação de vídeo na qual Trump supostamente aparece com prostitutas em um hotel de Moscou em 2013.

Sobre os relatos publicados pela CNN e o Buzzfeed, de que teria sido flagrado em vídeo em práticas sexuais incomuns, Trump disse: ” Eu digo a todo mundo que viaja comigo para tomar cuidado com câmeras”, afirmou. “Além disso, tenho medo de germes.”

Espionagem. O novo presidente também admitiu que a Rússia teve um papel ao hackear o Comitê Nacional Democrata durante a campanha, mas relativizou a ação, dizendo que outros atos de ciberespionagem, principalmente feitos pela China, não tiveram a mesma atenção.

“Hackear é ruim e não deveria ter ocorrido”, afirmou ele. “Sobre o ataque virtual, acredito que foi a Rússia.”

O presidente eleito afirmou que os Estados Unidos estão sofrendo ciberataques de “todo o mundo, seja da Rússia, da China, qualquer” lugar. Mesmo assim, Trump disse que essas invasões “nunca voltarão” a ocorrer a partir do momento em que ele chegar à Casa Branca, no dia 20 de janeiro.

Trump disse ser necessário reconstruir os laços com a Rússia devido à “horrível” relação que existe entre ambos os países atualmente. “A Rússia pode nos ajudar a lutar contra o Estado Islâmico”, comentou.

Conflito de interesses.  Trump, abriu mão de qualquer envolvimento em seus império global de negócios e transferiu todos os ativos para um trust, além de ter colocado seus dois filhos no controle das empresas, disse uma advogado de Trump nesta quarta-feira.

Junto a planos de contratar um conselheiro de ética, Trump está tomando medidas para evitar inevitáveis problemas sobre um potencial conflito de interesses entre seus negócios e o cargo de presidente, embora a advogada tenha insistido que não é exigido que ela faça isso.

Trump opera uma variedade de resorts de golfe e hotéis em todo o mundo. A advogado anunciou que todos os lucros gerados nos hotéis de Trump por governos estrangeiros serão doados para o Tesouro dos EUA. Trump renunciará a todas as posições que detém em entidades da Organizações Trump, e sua filha, Ivanka, não terá mais envolvimento com autoridade administrativa no grupo. Ivanka Trump é esposa de Jared Kushner, o qual foi indicado por Trump para um cargo conselheiro sênior na Casa Branca.

Trump aproveitou também para exaltar os acordos recentes com montadoras que pretendem reinvestir nos Estados Unidos e disse que novos acordos similares devem vir da indústria farmacêutica, a quem pressionou para voltar a produzir no país.

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