O governo russo indicou que está suspendendo o acordo que tinha com os EUA de coordenar ações militares na Síria para evitar qualquer tipo de choque entre aeronaves que estejam sobre o espaço aéreo do país em conflito.
A iniciativa é uma resposta aos ataques americanos contra uma base aérea síria. O entendimento entre militares das duas potências seria para permitir que ambos pudessem lutar contra o terrorismo, sem que a aviação russa ou americana fossem afetadas por disparos. A cada operação contra grupos terroristas, americanos e russos trocavam informações sobre a trajetória de seus ataques, suas posições e seus alvos.
O temor era de que, sem essa coordenação, incidentes pudessem ocorrer, levando a uma escalada militar entre os dois governos que, no cenário sírio, tomam posições diferentes em relação ao presidente sírio, Bashar al-Assad.
Em sua primeira reação aos ataques do governo americano na Síria, o Kremlin alertou na manhã de sexta-feira que considerou a iniciativa de Donald Trump como um “ato de agressão contra um estado soberano” e alertou que pode representar um “golpe significativo nas relações entre americanos e russos, que já estavam em uma situação deplorável”.
Principal aliado do regime de Bashar al-Assad, o presidente russo, Vladimir Putin, vinha rejeitando dar seu voto a uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para condenar os ataques químicos ocorridos na Síria nesta semana.
“Trata-se de uma agressão contra um estado soberano em violação ao direito internacional e sob um falso pretexto”, disse Dmitry Peskov, porta-voz de Putin. Para ele, a questão das armas químicas não está provada.
Moscou insiste que a Síria não conta com armas químicas e que sua destruição, desde 2013, foi monitorada por observadores internacionais.
Para ele, não existe dúvida de que o ato terá consequências nas relações entre a Casa Branca e o Kremlin, às vésperas de uma reunião entre ministros dos dois países.
Há ainda uma contradição entre as informações sobre até que ponto russos e americanos trocaram informações sobre o ataque, antes de sua realização. O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, indicou que “não houve discussão com Moscou ou contato, e nem depois dos ataques”.
Mas o Pentágono indicou que a Rússia havia sido alertada antes, por meio de canais militares. De acordo com o porta-voz da instituição, Jeff Davis, Moscou foi informada “em múltiplas conversas” durante o dia de quinta-feira. Isso teria ocorrido entre a base americana no Catar com a base russa em Latakia, na Síria. “Existiam russos na base (atacada) e tomamos medidas extraordinárias para não atingir as áreas onde os russos estão”, disse.