A Rússia buscou fortalecer sua aliança na segurança com outras seis nações que fizeram parte do extinto bloco soviético, ao ampliar uma força militar de reação para frear a influência norte-americana na Ásia Central, região rica em recursos energéticos. Rússia, Bielo-Rússia, Armênia, Casaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Usbequistão concordaram hoje em ampliar e reforçar uma força militar conjunta de resposta rápida. A força militar deverá ter 10 mil soldados e funcionar sob um comando central, substituindo a atual, que tem apenas 3 mil soldados e não conta com comando unificado.
A cúpula da Organização do Tratado de Segurança Coletiva ocorreu um dia após o Quirguistão ter informado que não alugará mais uma base aérea que os Estados Unidos usam para apoiar as operações militares no Afeganistão. A saída das tropas norte-americanas do Quirguistão marcará uma vitória para Moscou, que considera os países da Ásia Central sua esfera de influência.
A mudança fechada pelos sete países fortalecerá a dimensão militar da aliança comandada pelos russos, que até agora tem servido mais como um fórum para consultas de segurança entre os membros. Um conselheiro do Kremlin disse que tropas russas formarão as unidades centrais da aliança. O enviado da Rússia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Dmitry Rogozin, afirmou que a nova força militar poderá ter uma base no Quirguistão, talvez até na base atualmente alugada aos norte-americanos.
A Rússia e seus aliados também concordaram em criar um fundo de US$ 10 bilhões para socorrer os países atingidos pela crise financeira internacional. A Rússia proverá a maior parte do dinheiro do fundo – US$ 7,7 bilhões.
Notificação
O presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, anunciou sua intenção de não alugar mais a base aérea para os EUA após a Rússia concordar em fornecer um empréstimo de US$ 2 bilhões ao seu país, além de outros US$ 150 milhões em ajuda financeira. O contrato assinado com Washington, no entanto, obriga o Quirguistão a notificar os EUA com 180 dias de antecedência para que desocupem a base de Manas. Funcionários norte-americanos afirmaram ainda não ter recebido tal notificação.
O general David Petraeus, comandante das forças dos EUA no Afeganistão e no Iraque, visitou o Quirguistão há apenas algumas semanas e manifestou confiança de que a base continuaria a operar. Petraeus disse que os EUA injetaram US$ 150 milhões por ano na economia quirguiz, incluídos os US$ 63 milhões pagos em aluguel da base.