Católicos são considerados ameaça na Rússia.

O esboço de um documento elaborado por funcionários governamentais e especialistas russos identifica a Igreja Católica como uma potencial ameaça para a segurança nacional, enquanto instrumento que pode favorecer a insurgência do extremismo religioso, segundo a imprensa russa.

O extremismo islâmico está só no quarto lugar na lista de potenciais ameaças, precedido pelas seitas religiosas e pelos protestantes.

O texto do documento, publicado pela imprensa russa, inclui uma parte intitulada “Avaliação das ameaças à Segurança Nacional em relação ao extremismo religioso”, junto à qual aparece uma lista que, em primeiro lugar, tem a Igreja Católica e, em seguida, a protestante, as seitas e o extremismo islâmico.

Vladimir Zorin, ministro das Nacionalidades, sob cuja direção foi redigido o documento, nega que ele tenha acusações contra os cristãos.

No esboço publicado denuncia-se o fato de que o Vaticano tenha declarado a Rússia uma província eclesiástica (após a criação das dioceses) e faça proselitismo.

Além disso, sublinha-se que “a falta de respeito por credos tradicionais” por parte de algumas “estrangeiras” é um elemento que “ajuda a lançar as bases do extremismo religioso”.

As relações entre a Rússia e o Vaticano são tensas há tempos, devido a sérias divergências surgidas após a expulsão de sacerdotes católicos, a criação das dioceses e as incompreensões mútuas entre os ortodoxos russos e os católicos de Roma.

O Vaticano questionou recentemente a Rússia, de forma indireta, ao criticar os países europeus que restringem as liberdades religiosas e expulsam de seu território religiosos católicos.

Quando há alguns meses foram expulsos o bispo católico Jerzy Marzuv e outros quatro sacerdotes católicos, as relações entre o Vaticano e Moscou se esfriaram notavelmente.

Em maio passado, João Paulo II escreveu de forma pessoal ao presidente russo, Vladimir Putin, para pedir esclarecimentos sobre as expulsões, mas só depois de quatro meses recebeu uma resposta, considerada “insatisfatória” para a diplomacia pontifícia.

Relações entre Vaticano e ortodoxos russos são tensas

Durante recente reunião ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), o “chanceler” vaticano Jean Louis Tauran disse que “o ano que termina viu uma deterioração alarmante do exercício da liberdade religiosa, em violação dos compromissos assumidos por esta organização”.

Tauran considerou que quando um credo é maioria e certos direitos e privilégios lhe são reconhecidos “isso não pode ocorrer em detrimento das liberdades fundamentais de outros credos presentes no território nacional”.

As difíceis relações entre a Santa Sé e a Igreja Ortodoxa Russa não melhoraram apesar da forte aspiração de João Paulo II de concretizar uma viagem a Moscou, à qual se opõe o patriarca Alexis II.

As relações se tornaram ainda mais tensas quando a Santa Sé decidiu criar uma província eclesiástica com quatro dioceses no território da Federação Russa. A decisão foi considerada um ato de descortesia para a Igreja Ortodoxa Russa.

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