Rússia, Brasil e outros países de fora da Opep discutiram situação do petróleo

Funcionários do Ministério da Energia da Rússia se reuniram no mês passado com outros países produtores na sede da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em Viena, para discutir o cenário de oferta global abundante que tem derrubado os preços da commodity.

As conversações secretas terminaram em 13 de maio, após dois anos de reuniões e sem a divulgação de um comunicado público, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. O encontro, impulsionado pela Venezuela, tinha como meta propor soluções não obrigatórias e incluía outros membros de fora da Opep, como o Casaquistão e o Brasil, segundo as fontes. “Foi concluído que havia um excesso no mercado e que eles deveriam adotar ações”, disse uma das pessoas presentes. A reunião foi no nível dos funcionários e não incluía autoridades que poderiam adotar políticas. Os presentes, que incluíam países de fora e também da Opep, tinham divergências sobre um comunicado conjunto e as conversas sobre esse ponto não prosperaram, segundo as fontes.

As discussões mostram a distância entre a Opep e a Rússia, o maior produtor mundial, antes da pouco usual visita do ministro de Energia russo, Alexander Novak, ao encontro semestral da Opep em Viena. Ainda que Novak deva se reunir com o secretário-geral da Opep, Abdalla Salem el-Badri, e alguns ministros da Opep de fora do Golfo Pérsico nesta quarta-feira, o ministro russo já sinalizou que Moscou não adotará as medidas desejadas por alguns mais conservadores na Opep: um corte na sua própria produção.

“Nas reuniões, não está planejado concordar sobre volumes de produção”, afirmou Novak à agência Interfax na semana passada. “Isso é uma simples troca de informação.”

Mesmo se a Rússia se comprometer com um corte na produção, não está claro se a liderança da Opep estaria ouvindo. Dirigentes do centro de poder do cartel – os países do Golfo como Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes – dizem que não se reunirão com autoridades russas nesta semana, apontando para o que consideram promessas não cumpridas do passado.

A Opep deve manter sua cota de produção em seu encontro desta sexta-feira. No ano passado, o cartel abandonou seu tradicional papel de impulsionador dos preços e agora enfoca a manutenção de sua fatia de mercado.

Há muito em jogo tanto para os países da Opep quanto para a Rússia. Nos últimos 11 meses, os preços do petróleo recuaram mais de 40%, para cerca de US$ 65 o barril, da máxima de US$ 115 o barril em julho passado. A queda foi puxada pela oferta abundante de xisto dos Estados Unidos.

A Rússia tem sido um observador importante da Opep. Os russos já pediram à Arábia Saudita que reduza sua produção e se aproxime mais dos membros mais pobres do cartel, como a Venezuela, que quer menor produção para forçar uma alta nos preços. Fonte: Dow Jones Newswires.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo