Um erro do piloto ou uma falha técnica, não o terrorismo, é a causa provável da queda do avião militar da Rússia neste domingo no Mar Negro, afirmou o ministro russo dos Transportes, Maxim Sokolov. A Rússia realiza nesta segunda-feira um dia de luto pelas vítimas da tragédia. As autoridades russas informaram que 84 passageiros e oito tripulantes estavam no avião militar Tu-154 que caiu minutos após decolar de Sochi, na Rússia. Aparentemente, ninguém sobreviveu.

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Entre os passageiros havia mais de 60 cantores de um conhecido coro do Exército russo, nove jornalistas do país e uma médica russa famosa por seu trabalho beneficente em zonas de guerra. O presidente russo, Vladimir Putin, instruiu o primeiro-ministro Dmitry Medvedev a monitorar a comissão que investiga as causas da queda.

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Mais de 3 mil pessoas trabalhavam nas equipes de resgate com 32 barcos, entre elas cerca de 100 mergulhadores, segundo o Ministério da Defesa. Helicópteros, drones e submersíveis eram usados para ajudar a localizar corpos e destroços. Potentes focos de luz permitiram que as buscas prosseguissem durante a noite.

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Sokolov disse no domingo que os investigadores trabalham com a hipótese de erro do piloto ou falha técnica. O ministro afirmou que um ataque terrorista não está entre as principais teorias no caso. Ainda assim, vários especialistas em aviação veem aspectos que poderiam apontar para um atentado, como o fato de que a tripulação não informou sobre nenhum problema técnico e também a dispersão dos destroços por uma área muito ampla. Foram encontrados destroços a uma distância de 1,5 quilômetro da costa. Até a manhã desta segunda-feira, haviam sido recuperados 11 corpos e dezenas de fragmentos, enviados a Moscou para identificação.

O comandante-chefe da Força Aérea russa, Viktor Bondarev, disse que a caixa-preta do avião foi localizada, aparentemente intacta. A maioria dos corpos ainda deve estar dentro do avião, disse Veniamin Kondratyev, governador da região onde ocorreu o acidente.

O avião levava o famoso Alexandrov Ensemble, também conhecido como Coro do Exército Vermelho, que realizaria um concerto em uma base aérea russa na província costeira de Latakia, na Síria. A aeronave partiu do aeroporto militar de Chkalovsky, em Moscou, e havia parado em Sochi para reabastecer.

Mesmo com o envolvimento do país nos conflitos na Síria, Sokolov disse não ver necessidade de aumentar a segurança nos aeroportos russos.

Alguns membros do coro militar não haviam viajado à Síria por questões pessoais. O solista Vadim Ananyev ficou em casa para ajudar a mulher com os filhos, já que eles acabam de ter um bebê. “Perdi meus amigos e colegas, todos mortos, os cinco solistas. Me sinto totalmente perdido”, disse Ananyev à Associated Press. “É uma lástima. Conhecia essas pessoas há 30 anos. Conheço suas mulheres e seus filhos. Me sinto péssimo pelas crianças e por tudo que perdi.”

Ananyev disse que recebeu condolências de todo o país e também de fora da Rússia. “Éramos queridos em todo o mundo, sem importar a situação política”, apontou. O Ministério da Defesa determinou que a academia militar de música de Moscou fosse rebatizada em homenagem a Valery Khalilov, compositor que era também o maestro do coro e que está entre as vítimas do acidente.

Nesta segunda-feira, pessoas foram ao aeroporto Adler, em Sochi, para acender velas na capela do local e colocar flores em um altar improvisado com fotografias do avião e de algumas vítimas. O Tu-154 é um avião com três motores de fabricação soviética. A aeronave que caiu havia sido construída em 1983 e em 2014 passou por manutenção, segundo o Ministério da Defesa. Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.