As principais associações ruralistas argentinas começaram ontem um locaute que suspenderá temporariamente a comercialização de alguns alimentos – a manifestação vai até a meia-noite de domingo. Os produtores exigem o fim das restrições que o governo da presidente Cristina Kirchner aplica sobre as exportações de trigo. É o primeiro protesto do setor desde a morte do ex-presidente Néstor Kirchner, em outubro.
Em protestos anteriores, Kirchner representava a ala dura do governo, que se recusava a negociar com os produtores. Sem a presença dele, Cristina tentou acenar com a possibilidade de suavizar as barreiras às exportações de trigo, mas o diálogo fracassou – os ruralistas exigem a extinção das restrições.
De acordo com analistas, as manifestações e o locaute ruralista podem ser uma força desestabilizadora na Argentina, que terá eleições presidenciais e parlamentares em outubro. Os ruralistas surgiram como força política em 2008, após Cristina decretar o “tarifaço agrário” – aumento de impostos sobre a exportação de produtos agrícolas. Ao contrário dos protestos de 2008, desta vez as manifestações não incluem bloqueios de estradas.