O setor agropecuário da Argentina ameaça fazer novos protestos pelas rodovias do país nas próximas horas. Segundo o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, os produtores rurais se encontram em estado de assembleia até depois de amanhã, dia 20, quando o Senado vai votar a prorrogação do projeto de lei que concede ao Poder Executivo faculdades especiais para remanejar o orçamento e fixar impostos sem a aprovação do Legislativo. Dentre as prerrogativas concedidas à Casa Rosada, está a imposição do imposto às exportações, chamado de retenções (retenciones, em espanhol).
O maior foco de conflito entre o governo de Cristina Kirchner e os agricultores e pecuaristas é justamente por causa da cobrança desses impostos. Os poderes especiais do Executivo expiram no fim deste mês, mas a prorrogação já foi aprovada pela Câmara e deve ser avalizada pelo Senado. Os líderes rurais tinham a esperança de que a matéria não fosse revalidada pelos deputados e senadores, após a derrota eleitoral do governo nas eleições parlamentares de junho último. Com o fim desses poderes, os ruralistas poderiam conseguir uma liminar na Justiça alegando inconstitucionalidade das retenções.
“Os produtores precisam de soluções urgentes para os problemas do setor e o governo não pode ignorar a situação financeira grave que os produtores enfrentam pela crise econômica, a seca e a falta de uma política agropecuária”, reclamou Eduardo Buzzi. “Se for necessário, voltaremos às rodovias para protestar”, avisou. No ano passado, os produtores realizaram um boicote que durou 14 dias e provocou desabastecimento no país. Os argentinos enfrentaram tensão, protestos e confrontos nas rodovias durante quase três meses. Agora, os produtores retomaram a mobilização, que promete crescer nos próximos dias. Mas até o momento, ainda não falam sobre realizar um novo locaute.