A atual rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) deve ser o principal tema do encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano, George W. Bush, nesta quarta-feira (9), à margem da cúpula do G8, no Japão. No encontro, confirmado na última hora, Lula deve pedir empenho extra de Bush nas negociações, ameaçadas de atrasar mais um ou dois anos caso não sejam fechadas antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

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?Acho que o Brasil já avançou praticamente tudo o que podia avançar e, agora, vamos ver o que vamos obter em agricultura para ver se isso ajuda a convencer outros países de que a negociação vale a pena?, disse nesta terça-feira (8) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O Brasil precisa convencer a Argentina, parceira de Mercosul, de que os ganhos para a produção agrícola dos países do bloco compensam uma maior abertura do mercado regional para produtos industrializados dos países desenvolvidos.

Segundo Amorim, o Brasil já aceitou ?uma certa barganha? entre as listas de produtos considerados sensíveis e os coeficientes de corte de tarifas de forma a preservar a integridade do Mercosul. O chanceler frisou que o obstáculo para a conclusão das negociações continua sendo o fato de que os países ricos quererem extrair ?o máximo possível?. Na próxima semana, cerca de 30 ministros se reunirão em Genebra, na Suíça, numa última tentativa de fechar as negociações que se arrastam por sete anos.

Mas a Rodada Doha não será o único tema de reuniões bilaterais do presidente Lula em Hokkaido. Ele também terá encontros de trabalho com os primeiros-ministros da Itália, Silvio Berlusconi; do Canadá, Stephen Harper; e do Japão, Yasuo Fukuda. Com Fukuda, deve falar sobre as parcerias nas áreas de etanol e TV digital.

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Lula deve voltar a cobrar do governo japonês que cumpra a promessa de promover a construção de uma fábrica de semicondutores no Brasil, feita na época da escolha, pelo Brasil, do sistema japonês de TV digital. Ele também deve levar a Fukuda as reivindicações da comunidade brasileira que vive no Japão.

Esta terça-feira também foi recheada de encontros bilaterais. Em todos, Lula falou sobre a Conferência Internacional sobre Biocombustíveis que o Brasil promoverá em novembro deste ano e deu explicações sobre a produção brasileira de etanol. Com o presidente mexicano, Felipe Calderón, Lula trocou informações sobre programas de apoio à agricultura familiar. O tema preocupa particularmente o México, um dos grandes atingidos pela inflação do milho resultante da produção norte-americana de etanol.

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Lula também esteve com os presidentes da China, Hu Jintao, e da Coréia do Sul, Lee Myung-bak. De acordo com o ministro Celso Amorim, com a China o presidente manifestou interesse de aprofundar a cooperação na área de satélites.