O papa Bento XVI disse nesta quinta-feira (20) que "dia após dia, somos cobertos por sujeira multiforme, palavras vazias, preconceito", durante a homília da missa da Quinta-Feira Santa, "In Coena Domini", que celebrou na Basílica de São João de Latrão, a mais antiga de Roma.
O Pontífice denunciou a "sabedoria reduzida" que marca o contexto cultural atual e nos traz a "ameaça de infiltração contínua de múltipla semifalsidade ou falsidade aberta em nosso íntimo". Tal distorção, explicou o Papa, "ofusca e contamina a alma e nos ameaça com a incapacidade para a verdade e o bem".
Logo após a cerimônia lava-pés (na qual se lava o pé direito de 13 homens à imitação e em celebração do que fez Jesus a seus discípulos, na Última Ceia), o Papa disse que esse "é um dom que nos introduz na mentalidade de Cristo" e revela como "a grandeza da Deus é diferente da nossa idéia de grandeza", porque "desejamos um Deus de êxito e não o da Paixão".
"A Quinta-feira Santa nos induz a não permitir que nosso rancor converta-se, no fundo, em um envenenamento da alma e a purificar continuamente a memória e perdoarmo-nos reciprocamente de coração", concluiu Joseph Ratzinger. O Pontífice também reiterou que o "cristianismo, em relação com o moralismo, é mais, é uma coisa diferente", "não é nossa criação, nem nossa capacidade moral, o cristianismo é antes de mais nada um dom".