A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, aparentemente convenceu os palestinos a retomar os contatos de paz com Israel antes de encerrar, nesta quarta-feira (5), um breve giro pelo Oriente Médio. Numa entrevista coletiva concedida em Jerusalém ao lado da ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, Rice anunciou a retomada das negociações. A chanceler americana disse ter sido "informada pelas partes que elas pretendem retomar as negociações e estão em contato entre si para decidir como fazê-lo".
Em Ramallah, sede do governo palestino da Cisjordânia, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas, manifestou a intenção de retornar as negociações com Israel. Sob pressão de Rice, o líder palestino recuou de uma ameaça anterior de boicotar o conturbado diálogo de paz enquanto não houver um cessar-fogo entre o Exército israelense e o grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza. "O processo de paz é uma escolha estratégica e nós temos a intenção de retomá-lo", afirmou Abbas por meio de um comunicado.
Abbas suspendeu a participação palestina nas negociações em meio a uma ofensiva militar deflagrada por Israel contra a Faixa de Gaza na semana passada. Durante a ação, mais de 120 palestinos morreram, civis em sua maioria.
Abbas não disse quando as negociações seriam retomadas, mas Rice afirmou que o general William Fraser, que supervisiona a implementação do chamado "roteiro para a paz", realizaria na próxima semana sua primeira reunião conjunta com representantes israelenses e palestinos. O militar foi indicado pelo presidente George W. Bush, em janeiro, para monitorar o cumprimento das ações determinadas em novembro do ano passado depois de mais de sete anos de paralisação.
Com o anúncio da intenção palestina de retomar as negociações, Rice fechou a visita ao Oriente Médio com uma notícia considerada positiva antes de partir para a Europa. A chanceler americana enfatizou ainda que ambos os lados precisam cumprir as determinações do roteiro para a paz.
Fawzi Barhoum, porta-voz do Hamas, criticou a disposição de Abbas de voltar a negociar. "Abu Mazen (como Abbas é chamado entre os palestinos) é um homem fraco que não pôde proteger o povo palestino. A América e Israel não o levam em consideração, apenas o usam como um meio de impor seus planos aos palestinos", declarou.