Em clima de revolta e nostalgia, foi sepultado ontem o líder supremacista branco Eugene Terreblanche, assassinado há uma semana. Em Ventersdorp, 200 quilômetros a oeste de Johannesburgo, além da saudade dos tempos do apartheid, o que mais se ouvia em conversas de pé de ouvido era a recompensa de 2 milhões de rands (cerca de US$ 280 mil) pela cabeça de Julius Malema, líder da Liga Jovem do partido governista.
Malema é acusado de estimular o ódio racial quando canta em seus comícios a música Shoot the boer (“Atire no bôer”), uma figura de linguagem cuja tradução é simplesmente “mate um branco”. Por causa da retórica incendiária, os extremistas o responsabilizam pela morte de Terreblanche.
Ontem, os tipos mais pitorescos da África do Sul desfilaram pelo local da cerimônia fúnebre. A cidade de 2 mil habitantes recebeu mais de 5 mil pessoas. Algumas viajaram 1.200 quilômetros, ou 15 horas de estrada, desde a Cidade do Cabo. O governo reforçou a segurança e montou uma operação de guerra para evitar distúrbios na região.
Na acanhada igreja protestante não cabia mais ninguém. Um sistema de som transmitia a voz de um pastor para a multidão que se espremia no jardim. Alguns empunhavam a “Prinsevlag”, bandeira tricolor dos tempos do apartheid. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.