Revelação de documentos azeda laço de EUA e Rússia

Prioridade da política externa da Casa Branca, a tentativa de “reinício” das relações Estados Unidos-Rússia azedou com a revelação do conteúdo de 3.376 telegramas secretos da embaixada americana em Moscou pelo site WikiLeaks. Nos textos, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, foi qualificado como “um líder cínico, corrupto e ocasionalmente brutal”, e a Rússia foi descrita pelos telegramas diplomáticos revelados como um país que sofre com a corrupção.

A esse constrangimento se somou a insatisfação do Kremlin com uma possível desaprovação do tratado bilateral de redução de arsenais nucleares, o Novo Start, pelo Senado americano. A ainda pendente associação da Rússia ao projeto de construção do sistema de defesa antimísseis na Europa também marca a insatisfação russa.

Anteontem, em entrevista à rede americana CNN, o primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, evitou tratar diretamente dos adjetivos que recebera da diplomacia americana. Despejou, porém, sua irritação com a demora da aprovação do Novo Start e ameaçou elevar os arsenais nucleares e armar a fronteira russa com mísseis, caso o Senado dos EUA não der seu aval ao tratado.

“Se a nossa proposta só encontra resposta negativa e se o sistema de mísseis europeu é instalado ao longo da nossa fronteira, a Rússia será obrigada a prover sua segurança por meios diferentes, incluindo o desenvolvimento de novos complexos, novos mísseis nucleares”, afirmou Putin no programa de Larry King, da CNN.

“Essa não é uma escolha nossa. Não queremos que isso aconteça. Essa não é uma ameaça da nossa parte. Nós simplesmente queremos dizer que isso é tudo o que faremos se não chegarmos a um acordo.”

Horas antes, o chefe do serviço russo de inteligência estrangeira, Mikhail Fradkov, ordenara à sua equipe um estudo detalhado dos 3.376 telegramas divulgados. Embora avesso a contatos com a imprensa, Fradkov anunciou aos jornalistas russos que as “conclusões serão entregues às lideranças do país”. “Há muitos temas revelados pelo vazamento do WikiLeaks. Esse é material para análise”, afirmou o funcionário, segundo a agência russa Itar-Tass.

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