Reunião da Unasul tratará da crise alimentar

Uma das próximas reuniões da União Sul-Americana de Nações (Unasul) tratará, especificamente, da crise alimentar mundial. A nova presidente pro tempore da Unasul, a presidente do Chile, Michele Bachelet, afirmou que chamará um encontro de chefes de Estado nos próximos 90 dias para que o grupo aprove medidas sobre o tema.

Mais especificamente, uma posição conjunta dos países sul-americanos sobre o enfrentamento da alta dos preços e a relação com nações fora do bloco.

Em meio às últimas informações relatadas pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations, na sigla em inglês), de que os preços dos alimentos não se reduzirão significativamente nos próximos dez anos, a escassez foi uma das temáticas centrais da reunião de hoje.

"Uma preocupação que temos é que todos os avanços obtidos contra a pobreza no nosso continente podem sofrer retrocessos se não enfrentarmos unidos o alto preço dos alimentos e das fontes de energia", disse Michele.

De acordo com ela, são questões internas de comércio na América do Sul que criam os maiores entraves ao acesso a alimento na região. "Não temos escassez de alimentos. No conjunto, temos uma cesta de alimentos muito positiva. Mas os problemas do comércio local fazem com que os alimentos representem apenas 17% do comércio intra-regional", afirmou.

"Precisamos de uma voz comum e uma resposta comum a esse problema." No discurso na abertura do encontro que oficializou a criação da Unasul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também voltou a tocar no tema, ressaltando a importância de uma resposta unida da América do Sul frente à crise alimentar.

"Quando a escassez de alimentos ameaça a paz social em muitas partes do mundo, é em nossa região que muitos vêm buscar respostas. Temos consciência das nossas responsabilidades globais, mas não abrimos mão de exercê-las de forma soberana", afirmou.

Interesses

Lula voltou a reclamar do que considera interesses protecionistas que tentam interferir na região. "Não nos deixamos iludir tampouco pelos argumentos daqueles que, por interesses protecionistas ou motivações geopolíticas, sentem-se incomodados com o crescimento de nossa indústria e de nossa agricultura, com a realização de nosso potencial energético", disse.

"Uma América do Sul unida mexerá com o tabuleiro do poder no mundo. Não em benefício de um ou de outro de nossos países, mas em benefício de todos". Na próxima semana, ele irá à reunião de cúpula da FAO, onde voltará ao assunto.

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