O resgate dos restos da caravela “La Vizcaína”, usada por Cristóvão Colombo em sua última viagem à América em 1502, originou sérias divergências entre órgãos públicos, uma empresa privada e moradores da região de Nombre de Dios.
A nave, que naufragou nas atuais águas panamenhas há mais de 500 anos, é considerada um valiosíssimo vestígio do período das Navegações. Mas as explorações subaquáticas feitas pelo grupo privado Investigaciones Marinas del Istmo S.A. (IMDI) estão sendo questionadas pelos habitantes, devido à “falta de cuidado e a velocidade com que os trabalhos estão sendo conduzidos”.
Além disso, os representantes da comunidade de Nombre de Dios, na província panamenha de Colombo, a 85 km da capital, exigem que os artefatos recuperados permaneçam na região, sob custódia do Instituto Nacional de Cultura (INAC) do Panamá.
Um porta-voz da comunidade, Alfredo Peterson, queixou-se da “falta de transparência” no contrato de concessão firmado entre o governo e a IMDI, e pediu ao recém-eleito presidente Martín Torrijos que reveja o acordo.
Além das reclamações dos habitantes, surgiram “contradições” entre a Direção Nacional de Patrimônio Histórico e o Instituto Nacional de Cultura (INAC) em relação às operações de resgate.
Os desentendimentos começaram a 30 de junho, quando o diretor do Patrimônio Histórico, Carlos Fitzgerald, determinou a suspensão dos trabalhos, alegando que o local do naufrágio, a Playa Damas, não fazia parte das áreas dadas em concessão pelo Estado.
Dois dias depois, a 2 de julho, a ordem foi revogada pelo subdiretor do INAC, Miguel Lobán, autorizando a empresa a continuar com a busca e resgate das peças. Peterson, no entanto, acusou o INAC de favorecer o grupo privado, porque “um de seus sócios é o governador da província de Colombo, Gassan Salama”, que mantém “estreitos vínculos” com a atual presidente do país, Mireya Moscoso.