Tropas do Exército e policiais dispararam com munição de verdade contra um grupo de manifestantes hoje na capital de Uganda, Kampala. Pelo menos duas pessoas morreram e 120 ficaram feridas no maior protesto contra o governo local neste ano.
Os manifestantes queimaram pneus nas ruas do centro da capital enquanto forças de segurança lançavam gás lacrimogêneo e faziam disparos. A porta-voz da Cruz Vermelha disse que 15 dos feridos foram atingidos por munição de verdade. Confrontos entre manifestantes e a polícia também ocorreram em outros pontos do país.
Os protestos são as primeiras manifestações sérias em Uganda desde que a onda de demonstrações derrubou os governo da Tunísia e do Egito. O presidente do país, Yoweri Museveni, que está no poder há 25 anos, afirmou várias vezes que seu governo não será derrubado por manifestantes.
A violência ocorre um dia depois da prisão do principal político da oposição, Kizza Besigye. Policiais quebram o vidro do carro de Besigye com a coronha de uma arma e lançaram gás lacrimogêneo a uma curta distância, antes de colocá-lo na traseira de uma picape e saírem em alta velocidade.
“Eles o detiveram como um ladrão de galinha. Não podemos permitir que isso continue. Museveni deve sair”, disse Brown Ndese, um dos manifestantes. A porta-voz da polícia, Judith Nabakooba, afirmou que a polícia estava trabalhando para conter os manifestantes e não tinha informações sobre mortos ou feridos.
Besigye foi libertado sob fiança ontem mas não apareceu em público ou divulgou declarações hoje. Citando um auxiliar dele, rádios informaram que o líder opositor está com problemas de saúde e que deveria deixar o país para se tratar. Besigye realizou cinco manifestações para protestar contra o aumento dos preços e o que ele chama de um governo corrupto.
Hoje, os manifestantes carregavam pôsteres do líder opositor e questionaram a razão pela qual a polícia usou de violência para detê-lo. Integrantes da oposição no Parlamento também exigiram uma explicação para o fato.
EUA
A embaixada dos Estados Unidos em Uganda condenou o aumento da violência e pediu a todos os manifestantes que obedeçam a lei e parem de destruir propriedades. “A missão dos Estados Unidos em Uganda também pede ao governo do país que respeite o direito de todos os cidadãos. Acima de tudo, as autoridades de Uganda devem evitar o uso de força excessiva contra civis. Um diálogo construtivo é necessário”, diz um comunicado. As informações são da Associated Press.