O repórter iraquiano que jogou seus sapatos, no dia 14 de dezembro do ano passado, no então presidente dos Estados Unidos George W. Bush foi libertado hoje de uma prisão em Bagdá. Muntadhar al-Zeidi partiu de uma base naval iraquiana, acompanhado de vários integrantes do Parlamento, segundo seu irmão Uday. Na casa de família de al-Zeidi houve festa para receber o repórter.

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Em entrevista coletiva na emissora em que trabalha, o jornalista afirmou que “os serviços de inteligência dos EUA e seus serviços afiliados não pouparão esforços para me retratar como insurgente revolucionário, em uma iniciativa para me matar”. Al-Zeidi disse que esses serviços devem usar “todos os meios” para matá-lo ou ao menos liquidá-lo “física, social e profissionalmente”.

A atitude do jornalista, que completou 30 anos na prisão, foi um embaraço para o primeiro-ministro Nouri al-Maliki, que estava ao lado de Bush na entrevista coletiva quando o repórter atirou os sapatos, em sinal de protesto pela atuação dos EUA no Iraque. Bush não foi atingido no episódio.

Al-Zeidi disse hoje que foi torturado na prisão. No total, ele ficou nove meses detido, três a menos que a pena inicial, pois teve bom comportamento. “Felicito o povo iraquiano e o mundo muçulmano, e também a todos os homens livres do mundo pela libertação de Muntadhar”, disse seu irmão Uday a uma multidão de jornalistas. Segundo ele, o repórter viajará até a Grécia, para ficar em segurança e também para realizar um check-up.

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O ato de Al-Zeidi foi bem-visto por milhões de pessoas no mundo árabe, inconformadas com a destruição causada pela invasão norte-americana no Iraque, desde 2003. “Esse é seu beijo de despedida, cachorro!”, afirmou o repórter, enquanto jogava os sapatos em Bush. “Isso é pelas viúvas, os órfãos e aqueles que morreram no Iraque.”