Passados mais de vinte dias do terremoto que devastou a capital do Haiti, a ajuda enviada em aviões e barcos ainda não chega às vítimas do terremoto com rapidez suficiente. A consequência é o aumento de incidentes causados pelos congestionamentos nos transportes e alguns episódios de violência.

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Muitos trabalhadores humanitários estrangeiros e haitianos dizem que as doações que chegam são abundantes, mas expressam seu desencanto com o ritmo lento da distribuição da comida e dos medicamentos a partir do porto, do aeroporto e de um depósito na favela de Cité Soleil.

“Não existe liderança vertical e, desde que o governo haitiano tomou o controle das nossas provisões, temos que esperar para recebê-las apesar delas estarem empilhadas num armazém”, disse o médico Rob Maddox, de Start, Louisiana (EUA), que atende a dezenas de pacientes no hospital geral de Porto Príncipe. “Essa situação é simplesmente uma loucura”, afirmou.

Os controladores aéreos norte-americanos organizaram a aterrissagem de 2.500 voos até 1º de março, mas cerca de 25 aviões por dia não usam os locais assinalados na pista. Os problemas de comunicação entre os haitianos e os estrangeiros são muito comuns.

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“A ajuda está congestionada no aeroporto de Porto Príncipe. Ela não chega aos locais necessários”, disse Mike O’Keefe, diretor do serviço aéreo Banyan, em Fort Lauderdale, Flórida (EUA).

As caixas com mantimentos estão apinhadas até o teto no armazém escuro do hospital da capital. Em outro local do depósito, os medicamentos e outros insumos importantes estão empilhados sobre as mesas, sob os olhares de um trabalhador haitiano que anota tudo que entra e tudo o que sai.

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Os médicos dizem que desde que os haitianos tomaram conta da distribuição, foi perdido um tempo crucial para salvar vidas. Os doadores dizem que persistem desafios logísticos importantes: o governo apenas funciona, existe uma longa lista de espera para os voos, o porto está danificado e é pequeno, as rodovias que ligam outros aeroportos e a República Dominicana a Porto Príncipe estão congestionadas. A segurança também é um problema.

As agências humanitárias afirmam que a entrega de água e comida dobrou nos últimos dez dias, mas alguns trabalhadores afirmam que demora muito tempo para conseguir retirar os mantimentos dos depósitos das Nações Unidas.