O relatório final sobre o acidente do voo da Air France que caiu no Atlântico no dia 1º de julho de 2009 quando voava do Rio de Janeiro a Paris será apresentado nesta quinta-feira, cinco dias antes do fim da investigação judicial.
Os resultados dos especialistas do Escritório de Investigação e Análise (BEA) da França deverão servir para estabelecer por que ocorreu a falha que provocou a queda da aeronave no oceano, deixando 228 mortos.
Trata-se de esclarecer quais são as responsabilidades penais na causa instruída pela procuradoria de Paris e que envolve a companhia aérea Air France e a Airbus, fabricante do avião A330 acidentado, pela acusação de homicídio culposo.
A procuradoria apresentará suas conclusões sobre o voo AF447 no próximo dia 10 de julho com os novos elementos, após 36 meses de investigações sobre diferentes fatores que puderam resultar determinantes para explicar a catástrofe.
Após várias fases de investigação, foi possível resgatar os corpos das vítimas, boa parte da fuselagem do avião, e as caixas-pretas da aeronave.
O avião caiu nas águas do Atlântico, a 1.296 quilômetros de Recife, quase quatro horas após afastar do aeroporto Galeão com 216 passageiros a bordo, a maior parte deles franceses e brasileiros, e 12 membros da tripulação.
As primeiras conclusões apontam para uma falha das sondas de velocidade Pitot equipadas no aparelho, do fabricante francês Thales. Segundo os investigadores, esses dispositivos sofreram um problema técnico derivado do gelo, o que provocou o apagão do piloto automático.
No entanto, as pesquisas apontaram mais tarde para um erro de pilotagem como outro dos fatores que contribuíram ao desastre e destacaram que a tripulação não tinha a formação adequada para responder ao incidente técnico que deteve o piloto automático. Por isso, segundo a BEA, foram tomaram decisões errôneas.
Os pilotos não respeitaram os procedimentos previstos nessas circunstâncias e, com suas ações, provocaram a perda do controle do avião e causou a queda livre até cair no mar, explicaram os peritos.
O copiloto, de 32 anos, que nesse momento estava no comando do avião porque o comandante estava em seu intervalo regulamentar, tomou uma decisão que os investigadores não se explicam: inclinou o avião mais de dez graus, enquanto os procedimentos regulamentares determinam que sejam cinco graus.
O comandante, mais experiente, chegou à cabine de comando um minuto e meio depois, mas também não soube fazer nada. Tinha recebido pouca formação e já fazia tempo demais, destacaram os especialistas, além de ter analisado informações contraditórias em um curto lapso de tempo.
Além disso, o alarme de queda livre funcionou incorretamente e a tripulação seguiu tomando decisões erradas até que o avião caiu na água.
Por trás da investigação que será publicada nesta quinta-feira, há a crença da maioria dos familiares das vítimas de que o organismo francês encarregado das pesquisas quer atribuir os erros judiciais à tripulação para assim evitar consequências à companhia aérea e ao fabricante, duas grandes empresas francesas.
A presidente Dilma Rousseff se comprometeu a apoiar as famílias das vítimas em suas reivindicações contra o governo francês.