Os serviços de inteligência dos Estados Unidos têm uma relevância apenas “marginal” na estratégia conjunta do país no Afeganistão, afirmou um funcionário graduado da inteligência para as forças internacionais. Seu relatório foi liberado menos de uma semana após sete funcionários da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) terem sido mortos no ataque feito por um homem-bomba.
Numa avaliação bem crítica sobre o trabalho da inteligência dos EUA no Afeganistão, o major general Michael Flynn, do Exército dos EUA, escreveu: “Os oficiais e analistas da inteligência americana podem fazer pouco além de encolher os ombros em resposta aos pedidos por informações, análises e conhecimentos, feitos pelos tomadores de decisões e necessários para travar uma luta de sucesso contra a insurgência”.
O relatório de 26 páginas, liberado ontem pelo Centro para uma Nova Segurança na América, em Washington, recomenda impulsionar as mudanças para ter o foco mais na comunidade de inteligência e menos no inimigo, e mais no povo afegão.
Como os EUA dirigiram seus esforços mais para coletar informações e análises sobre grupos insurgentes, a rede de inteligência é incapaz de responder a perguntas importantes sobre a situação que as tropas encontram nas frentes de batalhas, escreveram Flynn e outros dois conselheiros de inteligência.
O relatório disse que os funcionários da inteligência americana eram “ignorantes sobre quem são os latifundiários e rentistas locais, não têm clareza sobre quais são os poderosos e como eles poderiam ser influenciados, sem interesse a respeito das sintonias entre os projetos departamentais e distantes das pessoas que estão na melhor posição para encontrar respostas”.
“O enorme aparato de inteligência é incapaz de responder a perguntas fundamentais sobre o ambiente no qual as forças americanas e aliadas operam e o povo que elas tentam persuadir”.
O relatório sobre o aparato da inteligência americana no Afeganistão se segue a um atentado contra Camp Chapman, uma base da CIA muito protegida na província de Khost, no leste afegão.
Um ex-funcionário da inteligência americana e um oficial estrangeiro confirmaram ontem que o homem-bomba que executou o ataque era um trabalhador jordaniano e agente duplo, que foi convidado à base porque alegou ter informações sobre o número dois da rede terrorista Al-Qaeda.
O atentado matou quatro agentes da CIA e três seguranças subcontratados americanos que trabalhavam para a agência de espionagem. Um outro ex-agente da CIA disse que um oficial da inteligência da Jordânia, Ali Bin Zaid, também foi assassinado.
A CIA não comentou as informações de que o homem-bomba seria Humam Khalil Abu-Mulal, um médico de 36 anos de Zarqa, Jordânia, que foi recrutado pela inteligência jordaniana. Funcionários da CIA não puderam ser encontrados hoje para comentar o relatório de Flynn.