Os Estados Unidos e o Paquistão apenas se toleram por causa da dependência que um país tem do outro. Os norte-americanos precisam de Islamabad para facilitar a logística nas ações no Afeganistão e ter informações de inteligência no combate ao Taleban e à rede terrorista Al-Qaeda. Os paquistaneses recebem ajuda militar de Washington de mais de US$ 1 bilhão por ano.

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Além disso, o Paquistão é o único país islâmico em todo o mundo com a bomba atômica. Por mais que antipatize com o presidente Asif Ali Zardari, os EUA sabem que as alternativas não seriam muito melhores para manter este arsenal nuclear em segurança.

Segundo Ashraf Mirza, analista do jornal Pakistan Observer, o Paquistão está “em ruína econômica e política”. O governo teve um desempenho considerado péssimo durante as inundações do mês passado, que deixaram milhares de mortos e milhões de desabrigados. “E, no meio deste ambiente caótico, além da guerra ao lado no Afeganistão, o presidente e seus aliados estão mais preocupados em combater a Suprema Corte (que investiga acusações de lavagem de dinheiro do governo)”, afirmou Mirza.

Nos últimos meses, os militares voltaram a crescer em importância, depois de um tempo mantendo a discrição com a queda de Pervez Musharraf. Apesar disso, e da impopularidade do presidente, segundo avaliação de Akbar Zaidi publicada pelo Carnegie Endowment for International Peace, “este governo não deve ser removido” porque a oposição não quer assumir os “graves problemas” que o país enfrenta.

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Bruce Riedel, do Instituto Brookings, afirmou que “os paquistaneses se sentem decepcionados e traídos pelos EUA”. Apenas 17% dos paquistaneses têm uma imagem favorável dos EUA – e somente 7% querem que a Otan continue no Afeganistão, segundo o Instituto Pew.