O governo do Reino Unido permanecia hoje em um estágio de indefinição. As eleições da quinta-feira passada não tiveram um vencedor claro – e agora o Partido Conservador e o Trabalhista querem convencer o terceiro lugar, o Liberal Democrata, a formar uma coalizão.

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No entanto, enquanto os liberais democratas analisavam as propostas, os dois partidos maiores também enfrentavam divisões internas, com alguns de seus membros pressionando para que não haja acordo algum. A eleição do dia 6 não teve um vencedor por maioria absoluta. Os conservadores venceram, mas não obtiveram cadeiras suficientes no Parlamento para governar sozinhos.

O Partido Liberal Democrata ficou em terceiro, mas se tornou o fiel da balança para um novo governo. A sigla precisa decidir se fecha um acordo com o Partido Conservador, que tem mais cadeiras, ou com o partido do primeiro-ministro Gordon Brown, que ficou em segundo lugar. Brown já anunciou ontem que deixará o cargo e a liderança trabalhista, independentemente de quem integrar a próxima coalizão.

“É hora da decisão para os liberais democratas”, disse David Cameron, líder do Partido Conservador, enquanto deixava sua casa hoje. Ele se encontrou por mais de uma hora nesta manhã com o líder liberal democrata, Nick Clegg. Negociadores da terceira força partidária já se encontraram com membros do Partido Trabalhista e, nesta tarde, reúnem-se com os conservadores.

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Economia

Os mercados financeiros temem cada vez mais o que a crise pode significar para a capacidade do Reino Unido enfrentar seu grande déficit público e preservar o rating de crédito “AAA”. A instabilidade política, segundo muitos investidores, levaria a uma nova eleição e ao atraso nas reformas fiscais.

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“Nós realmente esperamos fazer um anúncio o mais rápido que pudermos”, disse Clegg. Os liberais democratas negociam um acordo para dividir o poder com os conservadores desde a sexta-feira. Porém, como essas não levaram a um acordo, Clegg pediu aos trabalhistas que começassem negociações formais ontem, deixando o futuro político do Reino Unido em aberto.

Reforma

O Partido Liberal Democrata exige a reforma do sistema eleitoral para corrigir distorções na representação parlamentar. Essa sigla tradicionalmente obtém muito menos cadeiras do que levaria, caso a votação fosse o resultado fosse totalmente proporcional. O voto no Reino Unido é distrital, com maioria simples por cada distrito. Portanto, um partido pode ganhar em número absoluto de votos, mas ficar com uma representação menor no Legislativo, caso perca várias cadeiras por pequena margem.

Os conservadores concordaram em propor um referendo sobre uma reforma parcial do sistema eleitoral britânico. Entre os trabalhistas, há resistência a uma possível aliança com os liberais democratas. Para o ex-secretário de Interior John Reid, caso essa coalizão se confirme, os dois partidos serão punidos pelos eleitores nas próximas eleições. O também ex-secretário de Interior David Blunkett qualificou uma possível aliança entre as duas siglas como uma “coalizão dos derrotados”.

Entre os conservadores, o grupo Conservative Way Forward, de direita, defendeu que não seja feita uma coalizão com os liberais democratas. Na opinião desse grupo, expressa em comunicado, David Cameron deve liderar um governo minoritário, sem qualquer coalizão. As informações são da Dow Jones.