Reino Unido precisa cortar gastos mais rápido, diz Clegg

O vice-primeiro-ministro do Reino Unido e líder do Partido Liberal Democrata, Nick Clegg, disse neste domingo que a inesperada e severa deterioração da economia na zona do euro significa que a redução nos gastos públicos terá que ser feita num prazo mais rápido na Grã-Bretanha.

Falando à televisão da British Broadcasting Corporation (BBC), Clegg disse que uma vez que a zona do euro é uma das principais parceiras comerciais, o governo britânico precisa enfrentar o mais cedo possível seu déficit recorde de 156 bilhões de libras.

“Eu não penso que nós tenhamos antecipado o quanto foi severa a deterioração das coisas na zona do euro”, respondeu Clegg, ao ser questionado sobre por que ele agora concorda com o plano dos conservadores, de realizar cortes de 6 bilhões de libras em gastos do governo neste ano, ao invés de esperar pelo próximo ano fiscal, como seu partido defendia durante a campanha eleitoral antes das eleições de maio.

“Eu não acredito que ninguém poderia ter previsto que a situação na Grécia iria golpear a exportação dos nossos serviços e mercadorias”, disse. “Nós estamos conectados com a zona do euro e é por isso que temos que fechar o buraco negro nas nossas finanças públicas.”

Clegg falou após uma reportagem, publicada na manhã deste domingo no jornal Sunday Times, ter dito que os cortes projetados pela nova coalizão de governo britânico poderão significar a eliminação de 300 mil empregos públicos durante os próximos anos, podendo chegar a 700 mil.

A reportagem afirma que os cortes serão feitos em vários ministérios e setores do governo, incluído o Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha, enquanto o plano de redução de gastos de 6 bilhões de libras, com cortes a serem anunciados, sugere que o Departamento de Negócios, chefiado pelo liberal democrata Vince Cable, será um dos mais atingidos.

Clegg também criticou as decisões de gastos do Partido Trabalhista, principalmente as tomadas nos últimos dias de governo. Ele disse que agora está ficando claro não apenas para ele, mas também para o ministro de Finanças, George Osborne, e para outros membros do governo de coalizão, que o Partido Trabalhista “estava espalhando dinheiro ao redor como se não houvesse um amanhã, nos últimos dias de governo”. Segundo Clegg, isso será um problema, porque o novo governo terá que lidar não só com os cortes, mas também com projeções de gastos feitas pelo governo anterior, para as quais não existia dinheiro no orçamento. As informações são da Dow Jones.