Documentos de autoridades britânicas vazados pelo jornal Daily Telegraph nesta segunda-feira, 23, têm causado questionamentos no Reino Unido sobre a posição do país com relação à pena de morte. Uma carta do secretário do Interior britânico, Sajid Javid, enviada ao procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, mostra que o governo britânico não exigiu garantias de que dois britânicos acusados de serem jihadistas não serão executados caso sejam julgados nos EUA.

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Os supostos jihadistas são os britânicos Alexandra Kotey e El Shafee Elsheikh, acusados de lealdade ao Estado Islâmico. Eles fariam parte de uma célula de jihadistas britânicos conhecida pelo tratamento bárbaro dado aos reféns. O grupo recebeu o apelido de “Os Beatles” e seu membro mais proeminente, conhecido como Jihad John, foi morto em 2015, durante um ataque com drones.

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Entre 2014 e 2015, o grupo deteve mais de 20 reféns ocidentais na Síria e torturou muitos deles. Além disso, a célula decapitou sete jornalistas, entre americanos, britânicos e japoneses, além de trabalhadores humanitários e um grupo de soldados sírios. A violência foi exposta em vídeos, nos quais os integrantes se gabavam da carnificina.

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Segundo o Daily Telegraph, Javid disse a Sessions que o Reino Unido não buscaria garantias de que os dois não seriam executados. A afirmação causou polêmica porque a Grã-Bretanha se opõe à pena de morte há muito tempo e normalmente não envia prisioneiros para outros países caso eles possam ser sentenciados à pena capital.

Para o porta-voz da Anistia Internacional, Allan Hogarth, o Reino Unido não deve abandonar sua oposição à pena de morte, mesmo que Kotey e Elsheikh tenham cometido crimes terríveis. “Isso é preocupante. O ministro do Interior deve insistir, sem equívoco, que a posição de longa data da Grã-Bretanha sobre a pena de morte não mude e procurar garantias de que (a pena de morte) não será usada.”

A discussão entre os dois países envolve o fato de que o Reino Unido possa fornecer informações que sejam utilizadas contra os jihadistas em uma futura acusação, já em tribunais americanos.

Uma porta-voz da primeira ministra britânica, Theresa May, disse que ela está ciente da carta e o Reino Unido continua sendo contrário à pena de morte em todas as circunstâncias, mas vê como “prioridade” a garantia de que os homens sejam acusados criminalmente.

Os dois suspeitos foram entrevistados pela agência Associated Press em março, na Síria, e disseram que não vão conseguir ser julgados de maneira justa. Eles foram capturados pelo grupo Forças Democráticas Sírias, liderado por curdos e apoiado pelos Estados Unidos, em meio ao colapso do Estado Islâmico.