O jornal britânico The Guardian informou que a agência de escutas telefônicas do Reino Unido GCHQ coletou informações sobre telefonemas e e-mails de diplomatas estrangeiros quando o país foi palco de conferências internacionais. O governo britânico chegou a montar um cybercafé onde programas espiões foram instalados nos computadores com o objetivo de obter vantagens em negociações de alto interesse.
As informações geraram uma resposta irritada de autoridades russas, preocupadas com a hipótese de suas comunicações terem sido interceptadas.
A matéria, a mais recente de uma série que tem relevado informações que deram início da um debate mundial sobre a abrangência da coleta de informações no Ocidente – foi divulgada horas antes de o Reino Unido iniciar da reunião do Grupo dos 8 (G-8, formado por Canadá, França, Itália, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha e Rússia) na Irlanda do Norte, nesta segunda-feira.
As acusações de que o Reino Unido usou sua posição como anfitrião para espionar seus aliados e outros participantes pode tornar embaraçosas as conversações na medida em que os delegados chegam para o evento.
“As consequências diplomáticas negativas deste episódio podem ser consideráveis”, segundo o acadêmico britânico Richard J. Aldrich, cujo livro “GCHQ” traça a história da agência.
Durante discurso na cúpula do G-8, o primeiro-ministro britânico David Cameron recusou-se a falar sobre o assunto. Nós nunca falarmos sobre questões de segurança ou inteligência e eu não vou começar a fazer isso agora”, disse ele. “Eu não faço comentários sobre questões de segurança ou inteligência. Isso seria fazer algo que nenhum governo fez previamente.”
A GCHQ também se recusou a falar sobre a matéria do jornal.
Autoridades russas fizeram críticas nesta segunda-feira à hipótese de sua delegação ter sido espionada em reuniões anteriores. “É um escândalo! Os serviços especiais dos Estados Unidos e do Reino Unido grampearam o telefone de (o então presidente Dmitry) Medvedev na reunião de 2009 do G-20. Os Estados Unidos negam, mas não podemos confiar neles”, escreveu Alexei Pushkov, chefe do comitê de Relações Externas da câmara baixa do Parlamento russo em sua página no Twitter nesta segunda-feira.
O Guardian citou alguns documentos internos do governo, fornecidos por Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa que prestava serviço para a Agência Nacional de Inteligência (NSA, na sigla em inglês). Os documentos mostram a invasão, entre outros, da rede de computadores do ministro de Relações Exteriores da África do Sul e a coleta de dados de uma delegação turca na reunião do G-20 em Londres em 2009.
Clayson Monyela, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores sul-africano, recusou-se a comentar a matéria desta segunda-feira ao ser contatado por telefone pela Associated Press. Monyela escreveu no Twitter que “a questão recebe atenção”. Fonte: Associated Press.