A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta terça-feira que o Reino Unido dará “um passo inteiro adiante” no processo de negociação do Brexit ao submeter à União Europeia o chamado Livro Branco, que conterá os detalhes da proposta britânica para as condições que nortearão a relação com o bloco econômico após deixá-lo.
“Agora, trata-se de o processo de negociação (do Brexit) avançar e, por meio da apresentação do White Paper (como é chamado o Livro Branco em inglês), o Reino dará um passo inteiro adiante”, declarou em coletiva de imprensa na Cúpula dos Bálcãs Ocidentais, em Londres, ao lado da primeira-ministra britânica, Theresa May, e do premiê da Polônia, Mateusz Morawiecki.
Merkel acrescentou que, uma vez de posse do documento, caberá aos demais 27 Estados-membros da UE, sob a liderança do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do negociador-chefe do órgão para o Brexit, Michel Barnier, formar uma opinião sobre as sugestões do Reino Unido e reagir a elas “em uma resposta conjunta”.
“Mas é bom que haja sugestões sobre a mesa. Isso posso dizer hoje, sem entrar em detalhes”, comentou a alemã. “Agora, teremos discussões muito interessantes (com o governo britânico), mas sempre no espírito da amizade e no espírito de que, no futuro, seguiremos trabalhando bem juntos.”
A democrata-cristã declarou ainda que fala pela Alemanha ao expressar que quer manter uma relação de proximidade com o Reino Unido após a saída da UE. “Acho que isso vale igualmente para todos os Estados-membros da União Europeia”, arriscou a chanceler.
Acordo de Chequers
Ao lado de Merkel no púlpito posicionado para a coletiva de imprensa, Theresa May fez questão de reafirmar que o acordo firmado pelo seu governo na casa de campo de Chequers em torno da proposta para o Brexit que será apresentada à União Europeia mantém “absolutamente” a boa fé com o voto do povo britânico pela saída do bloco econômico.
“O acordo de Chequers, que detalharemos posteriormente nesta semana no Livro Branco, (…) trará um fim à livre movimentação de pessoas, um fim à jurisdição da ECJ (Corte de Justiça Europeia, na sigla em inglês) sobre o Reino Unido, um fim a enviar vastas somas de dinheiro todo ano para a UE e sairemos da política comum de pescadores e da política comum de agricultores da UE”, enumerou a premiê.
May acrescentou, contudo, que todas essas condições devem ser cumpridas por um Brexit “suave e ordenado, que proteja empregos, proteja padrões de vida e também sustente o compromisso de não haver fronteira dura (entre) a Irlanda do Norte” e a República da Irlanda, que integra a União Europeia.
Questionada sobre o encontro vindouro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a premiê verá nos próximos dois dias na cúpula do Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, e posteriormente em visita do americano ao Reino Unido, May apontou que a temática comercial dominará as conversas entre ambos.
“Aguardamos com expectativa pelo tempo em que, após deixarmos a UE, estaremos hábeis, no período de implementação (do Brexit), a negociar e assinar acordos comerciais com o resto do mundo”, comentou a premiê. “Estamos olhando não só para os Estados Unidos, mas para outras partes do mundo, como o interesse que expressamos sobre a TPP (na sigla em inglês), a Parceria Transpacífica”, disse.