O Rei Albert II decidiu consultar os líderes políticos da Bélgica em busca de uma saída para a crise gerada após o pedido de renúncia do primeiro-ministro, Yves Leterme, feito ontem (19), que é acusado de interferir no caso judicial sobre a concordata do banco Fortis.

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Para os partidos aliados será melhor evitar a antecipação das eleições, porque o país precisa de estabilidade para reagir à crise econômica global. Mas membros da oposição insistem que o primeiro-ministro deve deixar o cargo, uma vez que a acusação de interferir no caso judicial constitui uma violação direta na independência dos poderes, um marco da democracia parlamentar.

“O rei terá que desfazer este nó”, disse Elio Di Rupo, presidente da ala francesa do partido Socialista, parte da coligação aliada. Observadores disseram que o rei poderá continuar as consultas até amanhã (21). O rei Albert tem a opção de rejeitar o pedido ou tentar formar um novo governo com base na legislatura atual.

Albert encontrou Jo Vandeurzen, que renunciou ao cargo de ministro da Justiça na última sexta-feira, depois que a Suprema Corte belga afirmou ter descoberto “fortes indicações” de que o governo teria tentado influenciar um tribunal de apelação no caso aberto pelos acionistas sobre a operação de emergência e a venda do banco Fortis.

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Leterme negou que tenha interferido no caso, mas disse que as acusações levantadas na última sexta-feira pela Suprema Corte tornam impossível sua permanência no governo.

O futuro do Fortis, que já foi o maior banco do país, está no centro dos debates, enquanto o governo belga está envolvido numa complexa batalha jurídica com acionistas minoritários do Fortis sobre a venda de seus ativos na Bélgica para o francês BNP Paribas. Em meio à crise, os acionistas belgas viram suas ações despencar. Além disso, milhares de empregos estão em jogo.

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O banco Fortis foi forçado a buscar ajuda do governo inúmeras vezes, diante da restrição de crédito, provocada pela crise global. Eventualmente, a instituição recuperou-se vendendo negócios na Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Entretanto, acionistas contrários às medidas apelaram à justiça, que considerou que eles deveriam ser consultados antes da realização destas operações.