Região de brasileiros em NY vive desinteresse eleitoral

A “Little Brazil”, como é conhecida a região que concentra lojas e restaurantes brasileiros em Nova York, não entrou no clima das eleições. “Nunca votei para presidente, eu odeio política. Brazil is a mess (O Brasil é uma bagunça)”, resume a maquiadora sul-mato-grossense Gina Regis, de 32 anos. Gina vive há 14 anos nos Estados Unidos. Sua fala sintetiza bem o espírito captado pelo Estado ao passar esta semana pela região de confluência da Rua 46 com a Quinta e Sexta Avenidas. De uma forma geral, há pouco interesse pelas eleições de 2014, pouco conhecimento sobre os candidatos à Presidência da República e uma expectativa ainda menor de que as coisas melhorem no grande Brasil.

Sobre a morte trágica do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, Gina responde com uma pergunta que soa, no mínimo, brincadeira: “Eu não sei nem quem ele é. Qual é mesmo o nome da presidente? Dilma (silêncio)?”

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os Estados Unidos lideram o ranking de maior número de eleitores fora do Brasil – são 112.252 distribuídos em dez cidades: Miami (22.294), Nova York (21.240), Boston (18.181), Houston (11.193) e Washington D.C. (10.575) concentram o maior contingente.

Dilma esteve na cidade na terça e na quarta-feiras, onde participou da Cúpula da Clima e da 69ª Assembleia-Geral da ONU.

“O Brasil está com uma política assistencialista parecida com a dos Estados Unidos, de ajudar as pessoas mais de baixo. Você vê essas pessoas acomodadas em uma vida improdutiva”, critica a baiana Marcela Ferreira, 33 anos. Foi justamente esse tema, o das conquistas sociais obtidas nos últimos anos, que recebeu destaque da presidente em seu discurso de abertura da Assembleia.

Dona de uma loja de artigos brasileiros – definição que engloba sandálias Havaianas, Guaraná Antarctica, chaveiros do tatu-bola Fuleco e biquínis -, Marcela acredita que a presidente deve explicações sobre a sucessão de escândalos no governo. “Dilma já teve o tempo dela de presidente e não soube usá-lo. A Marina é muito idealista e para presidente isso não é legal”, avalia. Na dúvida, então, decidiu: não deve votar este ano.

É um sentimento parecido ao da paranaense Karina Faist, funcionária do restaurante Empório Brasil. “Não é ela (Dilma) que faz o governo sozinha. Não entendo nada (de política), só sei que tem essa roubalheira toda.” Sobre a morte de Campos, diz: “Ninguém ia votar nele, mas foi só morrer que passou a ser o melhor candidato do mundo.”

A campanha da presidente Dilma cogitou fazer um evento da candidata com a comunidade brasileira em Nova York, mas a ideia foi abandonada.

No 2º turno das eleições de 2010, a petista obteve apenas 26,48% dos votos válidos dos brasileiros que compareceram às urnas em Nova York. Em Washington D.C., o índice foi ainda menor: 21,15%

Polarização

A brasiliense Raquel Assis, de 26 anos, foi a única entrevistada pela reportagem que afirmou que pretende votar para presidente – no caso, em Marina Silva (PSB).

“Acompanho mais as pesquisas do Ibope do que a fala dos candidatos”, diz. “Quero mudanças e coisas novas. Criaram uma oposição entre a Marina e os gays que não existe. Ela é evangélica, mas vai ser presidente de todos.”

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ao Estado que o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) realizou no dia 13 de setembro o carregamento e a lacração de 916 urnas eletrônicas a serem enviadas a 92 países. Pelo menos em se tratando da organização da Justiça Eleitoral, o Brasil não é essa bagunça toda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. ()

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