A Europa pensava que as fronteiras haviam desaparecido para sempre. Alvo de guerras por séculos, foram virtualmente desmontadas nos últimos anos. Mas, em uma carta ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, França e Itália propõem que um dos pilares da união continental – o livre trânsito de pessoas – seja revisto diante da chegada de imigrantes do Norte da África e até suspenso em casos de emergência.
Os dois países, que nas últimas semanas travaram uma batalha em torno do tema com acusações mútuas, querem uma atualização do tratado de imigração. Amanhã, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, se reúnem em Roma para uma cúpula que tem como meta apaziguar os ânimos e com o tema imigratório no centro da agenda.
O acordo que prevê a livre circulação de pessoas entre 25 países da União Europeia (UE) – conhecido como Schengen – estipula que se um cidadão recebe um visto para um dos países do bloco, tem o direito de circular por qualquer um dos demais membros do acordo.
Para o ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, os acordos de imigração da UE precisam de um “check up”. Em uma entrevista publicada ontem no jornal Il Sole 24 Ore, Frattini insistiu que o acordo de livre circulação é um dos pilares da UE e não pode ser questionado. Mas defendeu que o tratado seja “adaptado para responder às necessidades da nossa época e a um mundo em transformação”.
“Todos os tratados envelhecem”, disse. “O Muro de Berlim do Norte da África caiu e o contexto sobre os quais esses tratados foram escritos, mudou radicalmente”, afirmou o chanceler. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.