O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), o chileno José Miguel Insulza, foi reeleito ontem para mais cinco anos no cargo. Ele foi eleito por unanimidade, exceto pela abstenção da Bolívia. Mas, apesar da reeleição sem surpresas, Insulza começa seu mandato sob grande pressão tanto dos bolivarianos como dos Estados Unidos – e teve de fazer promessas ao governo norte-americano para garantir o apoio de Washington.
Ontem, ele já demonstrou que vai “pagar a fatura” aos EUA, como disse um diplomata ao jornal O Estado de S. Paulo, ao prometer “reformar a Carta Democrática” da OEA e dizer que quer a reintegração de Honduras à instituição “o mais rápido possível”. “Queremos usar o instrumento para atuar mais na prevenção de crises institucionais”, disse Insulza. Os dois temas são reivindicações norte-americanas, que vão contra a posição da Venezuela e dos bolivarianos.
Os EUA querem que a OEA use a Carta Democrática de forma mais proativa para abordar violações da democracia. Hoje, a entidade só pode intervir quando há um rompimento abrupto na ordem democrática, como ocorreu em Honduras, ou quando o Executivo de um país invoca a Carta Democrática. Mas não existe uma maneira de intervir quando o próprio governo enfraquece a democracia. A Venezuela opõe-se terminantemente à mudança na carta. Em relação a Honduras, países bolivarianos querem que o governo de Porfírio “Pepe” Lobo cumpra uma série de exigências antes que possa ser readmitido à OEA.
“Queremos que Insulza implemente a carta mais eficazmente e tente abordar as crises antes que elas que elas se tornem institucionais”, disse Carmen Lomellin, embaixadora dos EUA na OEA. “Também gostaríamos que o secretário-geral falasse mais abertamente sobre todas as violações de direitos humanos. Não adianta um presidente ser eleito democraticamente, é preciso governar democraticamente”, disse a embaixadora, em outra alusão à Venezuela e Nicarágua.