O grupo rebelde M23 declarou fim ao levante que já durava 20 meses na República Democrática do Congo. A medida foi tomada depois que tropas do governo conseguiram retirar os guerrilheiros de seus últimos redutos perto da fronteira com Uganda durante a madrugada.
O líder do grupo, Bertrand Bisimwa, disse que seus comandantes foram ordenados a desarmar e a desmobilizar seus soldados. Em uma declaração divulgada mais cedo nesta terça-feira, Bertrand Bisimwa afirmou que ele decidiu “dar um fim a rebelião e a perseguir com meios puramente políticos a busca por uma solução para as profundas causas que levaram a criação” do M23. O líder fez seus comentários em Uganda, onde buscou refúgio.
O fim do levante cria uma perspectiva tentadora para paz em um dos grandes países ricos em minerais do mundo. Contudo, apesar das declarações, grupos armados continuam a travar conflitos na região leste do Congo e alguns confrontos foram observados nesta terça-feira.
O ministro de informação do país, Lambert Mende, disse que os militares do Congo, apoiados por helicópteros e tanques da Organização das Nações Unidas (ONU), conseguiram tirar 200 guerrilheiros das colinas que fazem fronteira com Uganda. “Muitos rebeldes se renderam, outros fugiram para Uganda e para Ruanda”, afirmou.
Mende também disse que o país atacará os rebeldes Hutus de Ruanda no país. “Não há mais lugar no nosso país para qualquer grupo irregular”, disse, acrescentando que os rebeldes do M23 “estavam no topo da lista. Eles foram substituídos pelo FDLR (Forças Democráticas de Libertação de Ruanda). Nós vamos começar a desarmá-los.”
Em uma breve entrevista, o porta-voz do M23, Amani Kabasha, disse que a liderança do grupo ordenou que os rebeldes suspendam todas as operações.
Já o enviado especial dos EUA na região, Russell D. Feingold, chamou a declaração do M23 de uma medida crucial e motivadora “na direção certa”. Falando a repórteres em Pretória, na África do Sul, Feingold afirmou que os EUA devem apoiar os esforços do Congo para identificar e punir os líderes do M23 suspeitos de crimes de guerra.
“Eles precisam enfrentar a responsabilidade pelos atos. Eles precisam enfrentar a justiça”, afirmou Feingold. “Todos nós, a comunidade internacional e outros, faremos o que eles quiserem para ajudá-los no procedimento correto em levar estes indivíduos para justiça.”
Ele também pediu que o governo suspenda sua atividade militar para que o país africano, que raramente teve momentos sem conflitos ao longo das duas últimas décadas, possa ter uma chance de estabilidade. Feingold afirmou que os EUA e outras nações que estão ajudando as tropas da ONU na região devem trabalhar para que o M23 e o Exército congolês respeitem os termos de qualquer acordo de cessar-fogo.
“Este é apenas o início de um processo legítimo de paz e desenvolvimento, mas é um começo importante”, disse ele. Fonte: Dow Jones Newswires.