O Quirguistão emitiu nesta sexta-feira (20) a notificação para que os Estados Unidos retirem suas tropas da base aérea de Manas, num desdobramento que deverá complicar os planos norte-americanos de enviar mais soldados para combater a milícia fundamentalista islâmica Taleban e a rede extremista Al-Qaeda no Afeganistão. A ordem de despejo dá aos Estados Unidos 180 dias para que retirem todos os seus homens e equipamentos da base, que foi essencial para as operações militares norte-americanos em solo afegão no decorrer dos últimos anos. No entanto, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, insistiu em que o fechamento da base não é um assunto encerrado.

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“Estamos desenvolvendo métodos alternativos para enviar suprimentos e pessoal ao Afeganistão”, disse Gates durante conversa com jornalistas na Cracóvia, onde participa da reunião de ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ontem, Gates chegou a comentar que os EUA estariam dispostos a pagar mais ao governo do Quirguistão pelo aluguel da base de Manas. O preço pago pelos EUA pelo aluguel da base foi uma das queixas feitas pelo presidente quirguiz, Kurmanbek Bakiyev, ao anunciar que pediria ao Parlamento o fechamento de Manas. Bakiyev fez o inesperado anúncio em Moscou no início de fevereiro, logo depois de o governo russo ter assegurado ao Quirguistão um pacote de ajuda financeiras de mais de US$ 2 bilhões.

Também nesta sexta, o almirante americano Mark Harnitchek disse que o governo do Usbequistão permitiria o trânsito de cargas militares não letais com destino ao Afeganistão. De acordo com o oficial, parte da carga passaria pelo Tajiquistão, que também faz fronteira com o Afeganistão. O acordo, segundo ele, foi fechado durante uma reunião realizada em Dushanbe, a capital tajique. A Embaixada dos EUA em Dushanbe e o Ministério das Relações Exteriores do Usbequistão recusaram-se a comentar o assunto.

A decisão quirguiz de vetar o uso da base aérea de Manas pelos americanos obriga Washington a buscar rotas alternativas para os suprimentos enviados ao Afeganistão em um momento no qual militantes islâmicos intensificam os ataques a comboios de carga que passam pelo Paquistão, a principal rota de abastecimento para os militares dos EUA em solo afegão. Recentemente, a Rússia e o Casaquistão autorizaram o trânsito por seus territórios de cargas militares não letais americanas com destino ao Afeganistão.

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