O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, prometeu neste sábado “corrigir” o sistema judiciário, um dia depois que a Suprema Corte do país anulou sua reeleição, e advertiu o chefe de Justiça e o Judiciário para não interferirem com a comissão eleitoral em um momento em que o país se prepara para uma nova eleição presidencial.

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Kenyatta acusou novamente o tribunal de reverter a vontade do povo depois de ele ter sido declarado vencedor da eleição de 8 de agosto. A corte anunciou na sexta-feira que a comissão eleitoral cometeu irregularidades na votação e pediu uma nova eleição dentro de 60 dias.

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O Judiciário tem um “problema”, disse Kenyatta, em comentários aos membros eleitos das assembleias do país. Ele também anunciou o início de sua nova campanha. “Vamos mostrar a vocês em 60 dias que a vontade das pessoas não pode ser revogada”, disse Kenyatta. “Vamos voltar e revisitar esta questão (…) Mais adiante, devemos corrigir isso.” Na sexta-feira, o presidente havia chamado o tribunal de “criminoso”.

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A Sociedade de Advogados do Quênia criticou essa declaração como inapropriada vinda do chefe de Estado, que sob a Constituição é um símbolo de unidade nacional e goza de imunidade contra processos criminais e civis. O presidente é obrigado por lei a respeitar e defender a Constituição, o que significa manter e proteger os direitos dos juízes da Suprema Corte, disse o presidente da sociedade, Isaac Okero. A Associação de Magistrados e Juízes do Quênia disse discordar das observações de Kenyatta. Em um comunicado assinado pelo secretário-geral da associação, Brian Khaemba, a associação condena “esse ataque à independência de decisões”.

O líder da oposição Raila Odinga havia pedido ao tribunal que questionasse a vitória de Kenyatta, alegando manipulação. Ele agora quer a dissolução da comissão eleitoral.

O presidente da comissão prometeu alterações na equipe antes da nova votação e disse que qualquer funcionário que tenha manipulado resultados será processado.

O vice-chefe do partido de Kenyatta no Senado, Irungu Kangata, disse na sexta-feira que o partido usará a sua representatividade no Parlamento para impedir qualquer tentativa de dissolver a comissão. Fonte: Associated Press.