Dirás, por onde estiveres agora, que minha ausência é apenas um desses caprichos do meu lado relapso…

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Dirás, ainda que tenha dúvidas, que eu deixei de ser aquele que surgiu como do nada, se mostrou por inteiro e, repentinamente, deixou seu barco à deriva.

Sim! Dirás que a saudade desse ?alguém?? que você conhece tão bem pelas palavras é apenas mais uma dentre tantas que já bailaram pelo teu coração.

Eu, apenas palavras e mais palavras. O meu ser é um qualquer…

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Qualquer pedaço do vento…

Qualquer folha seca carregada pelo redemoinho…

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Qualquer pássaro que rufla asas pelo azul do céu…

Qualquer flor que oferta suas cores a qualquer jardim…

Qualquer concha que o mar atira na praia…

Qualquer peixe dourado que conhece qualquer coisa a respeito de uma qualquer profundeza…

Sou sim, um qualquer que caminha pelos misteriosos rumos da existência.

Por onde passo, simplesmente passo, passo após passo, num ir e vir que embala minha vida.

Por onde passo, não existe o acaso. Quem cruzar o caminho tem algo a oferecer, a ensinar, a aprender e a trocar.

Em suma, somos viajantes do tempo, mercadores de sutilezas, de sentimentos, de emoções, de dádivas enfim…

Somos mercadores dessas coisas que não se vendem e nem se compram nos mercados do mundo. Somos mercadores sem moedas, sem quinquilharias, sem pedras preciosas. Apenas trocamos nossos tesouros tão bem cultivados à medida em que os anos vão lapidando nossas formas exteriores e dando toques de magia a tudo o que reside lá no âmago.

Dirás… tenha certeza disso; que eu, esse ?qualquer?? que brinca com as letras, com as palavras e com as frases, está agora metido em partituras.

Pois de alguma maneira, esteja onde estiver, sabe você, muito bem, que minha canção atravessa todas as fronteiras e as sete notas dançam por suas linhas fazendo piruetas pela majestosa clave de sol.

Sim, estou seguindo meu rumo, atarefado, preocupado, cansado…

Mas estou radiante, porque, neste exato momento, deliberei que todos os afazeres, todos os compromissos, todas as picuinhas da vida, deveriam me deixar quieto, em meu canto, pensando a vida, lembrando amigos, relembrando esses amores em todas as suas formas e prontamente disposto a dedilhar o teclado como o músico dedilha as cordas de seu violão. Canções bem diferentes, eu sei, mas a mensagem é a mesma…

E agora, direi que vocês, estejam onde estiverem, sempre são motivos de minha lembrança, mesmo eu conhecendo vocês apenas por algumas linhas, por algumas sutilezas, por sugestões bem colocadas, por mensagens trazidas por seus pombos-correio e pela alegria de saber que em diversas partes desse mundo, existem muitos amigos que merecem, sim, o meu carinho, o meu respeito e a minha admiração.

A todos vocês, o meu desejo de que o novo ano seja, de verdade, o início de um novo ciclo na vida de cada um de vocês. E que a gente possa seguir a jornada, pensando na paz, na harmonia, na compreensão e, acima de tudo, lembrando sempre de regar com águas cristalinas esse imenso jardim onde as flores se traduzem em puras amizades.

 São José dos Pinhais, 21 de dezembro de 2006.