Quando o sexo se torna um problema

Exagerar na bebida alcoólica ou na quantidade de comida. Esses dois tipos de compulsão são mais fáceis de se identificar e, justamente por isso, são os que mais ocupam espaço nos consultórios de psiquiatras e psicólogos. Entretanto, alguns comportamentos exagerados podem passar despercebidos até mesmo para o doente. É o que geralmente acontece com as pessoas que amam demais, problema que recentemente passou a ser bastante discutido, e com os compulsivos sexuais.

Assim como todas as doenças obsessivas, a compulsão sexual é uma forma de suprir seus vários sofrimentos. A explicação é do psicólogo Pablo de Assis, estudioso do tema. ?A sociedade diz que temos que ser felizes. Então encontramos a melhor forma de lidar com isso. E o sexo é a fonte mais rápida e segura de prazer imediato. Daí o compulsivo sexual o usa para suprir suas frustrações. Não é uma prática usada exclusivamente para remediar sofrimentos, mas nesses casos geralmente é isso?, explicou.

Desvios das atividades cotidianas, afastamento social, infidelidade e até contágio de doenças sexualmente transmissíveis. Essas são as principais conseqüências da compulsão sexual. ?A pessoa não consegue mais nada além de sexo, nem trabalhar. E o compulsivo não consegue se prender a ninguém porque por mais que o companheiro acompanhe vai chegar uma hora que o compulsivo vai ouvir um não. Daí ele procura outras pessoas?, explicou o psicólogo.

Segundo Assis, esse comportamento é comum tanto em homens quanto em mulheres. No entanto, no sexo masculino é mais perceptível porque o homem tem mais liberdade social para agir dessa forma. ?A mulher compulsiva é mais sedutora, mais ativa e gosta de dominar a situação. Dificilmente uma compulsiva é passiva?, afirmou.

Amor

?Tanto o homem quanto a mulher com problemas relacionados à compulsão sexual precisam saber viver mais o lado feminino do ser humano, que é o amor. Eles têm limitação com o amor?, explicou Assis. O psicólogo, parapsicólogo e frade capuchinho Alvadi Pedro Marmenti concorda. ?Nascemos para amar e sermos amados. E algumas pessoas não sabem o que é isso. Não aprenderam isso. E isso gera desequilíbrios?, explicou.

Marmenti explica que entre as causas desse tipo de comportamento também pode estar a rejeição. ?Se a pessoa foi rejeitada ou dependendo da forma que ela foi criada não desenvolve o sentimento de respeito pelos outros?, afirmou. Isso, segundo ele, pode até gerar comportamentos criminosos, como o estupro.

Doença é difícil de ser reconhecida

A compulsão sexual é difícil de ser reconhecida pelo doente e até mesmo pelas pessoas que convivem com ele. ?Muitas vezes as esposas percebem porque as atividades normais da pessoa estão ficando prejudicadas, já que a vida sexual é excessivamente ativa?, explicou o psicólogo Pablo de Assis.

Como o problema é muitas vezes visto por outras pessoas, o psicólogo afirma que é importante não recriminar. ?A compreensão é a melhor solução. Quando a pessoa se sente acolhida é mais fácil procurar ajuda?, ressaltou.

Doenças

O comportamento de risco é uma das graves conseqüências da compulsão sexual. Segundo o psicólogo Pablo de Assis, muitas vezes o compulsivo começa a freqüentar lugares mais perigosos em busca de sexo fácil ou se entrega fácil a qualquer pessoa. ?Daí as chances de se adquirir doenças aumentam. Muitas vezes em função do ímpeto sexual eles esquecem até da camisinha?, explicou. Outro agravante, afirmou o psicólogo, é o possível uso de drogas.

Tratamento

Assis explicou que alguns profissionais tratam a compulsão sexual com antidepressivos, que diminuem a ansiedade. Entretanto, o psicólogo defende que é preciso buscar a causa da compulsividade e tratá-la para sanar o problema. ?Primeiro é preciso encontrar do que a pessoa está fugindo e trabalhar isso. Daí a pessoa aprende a se relacionar e aproveitar melhor o sexo?, afirmou.

O psicólogo Alvadi Marmenti defende o tratamento parapsicológico (hipnose) para encontrar a causa. ?Isso trabalha na reprogramação da mente do paciente. A hipnose é importante porque a pessoa pode reviver algumas situações, que muitas vezes nem se lembra, e pode compreender melhor as circunstâncias em que elas aconteceram e trabalhar isso?, explicou.

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