Vladimir Putin aceitou nesta terça-feira (15) a liderança do majoritário partido Rússia Unida. Com isso, ele dá um passo para assegurar mais poder, às vésperas de deixar a presidência, em 7 de maio, e assumir o cargo de primeiro-ministro. "Eu estou pronto para assumir responsabilidade adicional e tornar-me o chefe do Rússia Unida", disse Putin durante um congresso da agremiação. Os quase 600 delegados do partido imediatamente aprovaram o novo líder por unanimidade. Ao tornar-se o presidente do Rússia Unida, Putin consolida ainda mais sua base de poder na Duma, a Câmara Baixa do Parlamento russo, onde o partido tem dois terços das cadeiras.
A decisão também é vista como uma forma potencial de minar o poder do próximo presidente, Dmitry Medvedev, aliado de Putin. Publicamente, o atual presidente russo nega qualquer intenção de restringir o trabalho do sucessor. "Aqui, é possível claramente ver a briga de grupos do Kremlin que gostariam de manter Putin no poder sob qualquer pretexto e estão buscando uma forma de fazer isso", disse o analista político Alexander Konovalov ao jornal Nezavisimaya Gazeta. "Eles não conseguiram forçar o presidente a violar a Constituição e ficar por um terceiro mandato. Agora, estão tentando outras opções.
Antes de Putin tomar a decisão, Medvedev recusou uma oferta para integrar o Rússia Unida. Ele disse que o presidente não deveria ser filiado a qualquer partido. Medvedev também disse aprovar o fato de Putin tornar-se o líder da sigla, pois isso melhoraria a coordenação entre o governo e o Parlamento. Pela Constituição russa, o cargo de primeiro-ministro é um distante número dois na divisão do poder, majoritariamente concentrado nas mãos do presidente. Porém vários analistas demonstram ceticismo ao analisar os prognósticos para o próximo governo. Putin, bastante aprovado pela população, encabeçou a lista de candidatos do Rússia Unida – o que ajudou o partido a obter 70% das cadeiras na Duma.
Putin não construiu sua carreira política como membro de qualquer partido. Em vez disso, cultivou a imagem de um quase czar, pairando acima das siglas do país. A relação do atual presidente e de seu sucessor é bastante boa, ao menos aparentemente. Porém, se surgirem conflitos, Putin poderia usar por exemplo a maioria esmagadora do Rússia Unida no Parlamento para um impeachment de Medvedev ou para aprovar mudanças constitucionais de seu interesse.
